Por que ser criativo?

HD Dimantas
Entusiastas de Mídias Sociais
3 min readJan 20, 2016

Faz algum tempo cheguei numa conclusão básica para minha vida. Ser criativo não é uma escolha. É uma necessidade. O mundo se transformou nesses últimos 30 anos. Já vimos o fim do comunismo e experimentamos a derrocada do capitalismo. A era industrial já não mais consegue iludir a humanidade com a cultura do consumo.

A entrada da internet provocou transformações, muitas delas tão importantes que se tornaram quase que imprescindíveis para nós. No entanto, creio que o resultado dessas transformações promove o escalamento das relações. Uma multidão emerge como uma contradição do próprio capitalismo e chega para enfrentar e destruir suas bases. A multidão inteligente e conectada se articula em torno de interesses comuns.

Em primeiro lugar, ela nos traz a ideia de impermanência. Os movimentos acontecem para serem implodidos e reconstruídos sob uma nova direção, ou não. E assim caminha a humanidade. Não temos mais líderes. Somos uma sociedade cada vez mais gasosa. Extrapolo aqui os conceitos do Baumann, de uma sociedade liquida. No entanto, o liquido pressupõe uma acomodação, uma represa que retém o crescimento. Uma sociedade gasosa não precisa de um receptáculo, a interface se torna a relação de todos com todos e se expande.

Vivemos então num mundo onde as relações entre as pessoas catapultam novas formas de aprender e ensinar. Ou seja, as relações cada vez mais enredadas, a exposição e a documentação das nossas ideias e a capacidade de processamento que a tecnologia proporciona traz novas possibilidades para os criativos. Cada vez mais precisamos menos das instituições formais para estar antenado com o que acontece no mundo. Qualquer um pode construir o que quiser simplesmente acessando o conteúdo disponibilizado e distribuído em rede. Posso desenvolver um drone caseiro, uma bicicleta que produz energia, uma CNC de corte à laser ou uma impressora 3D. É só visitar alguns tutoriais e sair numa expedição pela Santa Ifigênia que teu sonho se tornará realidade. Qualquer um, também, pode construir uma bomba ou orquestrar um ato terrorista. Pois, a realidade é de cada um, múltipla e, de certa forma, não faz julgamentos. Atua tanto para o bem, como para o mal.

O que importa é que as pessoas estão fazendo. Produzindo subjetividades que foram tolidas pela revolução industrial. As grandes inovações não passam pelos grandes investimentos. Pelo contrário, a inovação acontece pela criatividade que desponta nas ações de gambiarra. Criar com as ferramentas que se tem à mão. Podemos dizer que as grandes inovações desde a segunda metade do século 20 aconteceram a partir de uma ideia desenvolvida numa garagem qualquer. A apple é resultado do início do movimento maker. Muitas outras empresas começaram a partir de um processo criativo, e de uma vontade muito grande de resolver problemas e enfrentar os desafios da atualidade.

O movimento maker, que engloba fazedores de todos os gostos, desde os nerds e suas engenhocas como ativistas das redes, evangelistas da cultura digital, artistas, designers e muitos outros criativos, é uma resposta de uma sociedade que não tem condições de garantir um emprego formal. Tivemos que aprender a nos virar para transformar ideias em realidade.

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