Assuntos mal resolvidos são ecos depois do fim

Taryne Zottino
Entusiastas
Published in
2 min readMay 22, 2018
Cena do filme Antes do Pôr do Sol

Todo mundo quer dar conta dos seus assuntos mal resolvidos. Todo mundo precisa de closure. E é horrível quando não conseguimos. Quase todas as vezes em que me apaixonei nessa vida e até mesmo em algumas amizades, não vivi esse “encerramento” tão necessário para seguir em frente sem ficar com o maldito “e se…” martelando na cabeça. É difícil terminar algo com o sentimento de: acabou como deveria ter acabado e pronto, sem pontas soltas.

A gente segue com a vida de um jeito ou de outro. Começa novos projetos, se envolve na correria do cotidiano, conhece outras pessoas e em alguns dias nem se lembra do que ficou por resolver. Mas madrugadas e silêncios são terrenos férteis para esses pensamentos assombrarem nossas mentes. Quantas vezes você já não se pegou ensaiando possibilidades? Uma conversa franca, um adeus sem mágoas, uma despedida de verdade.

Quantas vezes eu já não repeti baixinho frases do tipo: “eu continuo te querendo bem, queria que soubesse disso” ou “não queria ter me apaixonado porque as coisas ficaram estranhas e eu sinto falta de conversar com você”. Me pego frequentemente querendo saber se a pessoa também está assistindo aquela série, se ainda usa aquela roupa, se está tão perdida quanto eu. Paro mais uma vez no “se…” e o quem vem depois dele é só imaginação.

Tudo seria tão mais fácil se a gente simplesmente se abrisse, mas o timing é ruim e o medo de ser vulnerável se faz presente. As coisas podem ficar ainda piores ou muito esquisitas. Não enxergamos uma abertura, uma oportunidade. Então nos calamos e as perguntas não respondidas permanecem presas na garganta, arranhando de vez em quando. E somos obrigados a nos conformar com os ensaios de madrugada nunca se tornando reais.

A crueldade do mal resolvido é ter de lidar com um fim sem ter a sensação de que ele realmente aconteceu do modo como deveria. E os ecos continuam ali. Talvez possamos culpar nossa incapacidade de admitir que uma conexão bonita terminou de um jeito abrupto ou doloroso demais, por isso damos ouvidos a esses ecos. Não sei. Quando se trata de assuntos mal resolvidos, a gente nunca sabe.

Quando se é jovem, você acredita que haverão muitas pessoas com quem irá se conectar. Mais tarde na vida, você percebe que isso só acontece poucas vezes.

Se você gostou desse texto, não se esqueça de bater palminhas para ajudar a divulgar. E clique aqui para conhecer o Entusiastas, o espaço na internet onde os sentimentos são os únicos fatos!

--

--

Taryne Zottino
Entusiastas

Lê e escreve como uma forma de experimentar a vida duas vezes // IG: @tarynedisse