Diário de uma manteiga derretida: abril de 2019

Sofia Soter
Entusiastas
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2 min readMay 2, 2019
Uma foto que não tem nada a ver com os choros do mês, mas que tirei aqui na praia de Copacabana no primeiro dia de abril e achei bonita.

Depois da intensidade de março, abril foi um mês mais normal. Muito trabalho, uma ótima ida a São Paulo, uma amidalite que me derrubou por dias a fio, mas ainda assim um alívio do nível profundo de cansaço e SENTIMENTOS que permeou março.

Não surpreende, então, que eu tenha chorado pouco em abril. Não surpreende, também, que eu desconfie um pouquinho da lista e suspeite choros não registrados.

2/4: Precisei comprar uma blusa para a fantasia de Velma do Scooby-Doo que ia usar no aniversário da Emily (combinando com a Laura, que ia de Daphne), mas comprar roupas é sempre estressante para mim. Um passeio por lojas de fast fashion de Copacabana me levou a precisar segurar o choro — só para comprar uma camiseta amarela. Em compensação, a fantasia ficou ótima.

Daphne & Velma.

4/4: Relacionamentos à distância às vezes são difíceis, por exemplo quando eu quero me meter na vida da pessoa para ajudar e sinto que não consigo fazer isso de forma concreta. É algo entre um desejo canceriano de cuidar de quem amo e uma mania virginiana por controle. Minha terapeuta e meu mapa astral explicam. Isso tudo para dizer que chorei de frustração querendo resolver um problema que não era necessariamente meu para resolver.

5/4: O parágrafo anterior deve deixar claro o quanto destrinchei esse fato na terapia. Saibam, então, que chorei no processo.

12/4: No Uber em direção ao jantar de aniversário do meu pai, escutando Mumford & Sons e Kacey Musgraves, fui, de acordo com meu registro inicial, "tomada por melancolia inesperada" (é que, sabe, vocês já escutaram "Rainbow"?). Dei uma lacrimejada. Mais tarde, quando deitei para dormir, chorei mais um pouco, de exaustão e ansiedade pela viagem para São Paulo muito cedo na manhã seguinte.

Arte do Vitor Martins inspirada em “Rainbow”, da Kacey Musgraves.

16/4: Aquela tal amidalite que me derrubou, antes de eu ir ao médico diagnosticá-la e me encher de antibiótico, me deixou com uma febre de quase 40 graus. Chorei de dor e desespero, primeiro sozinha, depois no colo da Laura, que chegou trazendo remédios, água e palavras reconfortantes (e, na manhã seguinte, uma visita ao otorrino).

29/4: Mais um caso de chorar com um livro que não posso contar qual é, porque era trabalho. Mas posso contar que, para cumprir a cota mensal, chorei na cena de uma personagem saindo do armário.

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