Diário de uma manteiga derretida: junho de 2019

Sofia Soter
Entusiastas
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2 min readJul 22, 2019
Primeiro plano: eu de cabelo preso, blazer preto sobre suéter preto e óculos. Fundo: igreja coberta por muita névoa.
Em meio à névoa de Gramado, antes de chorar um pouquinho jantando fondue. Foto por Gabhi.

Em junho fez frio e, com o frio, a melancolia. Tristeza, solidão, uma correria sem fim. Tudo meio misturado e confuso, perdendo a noção dos dias de tal forma que já é meio de julho e só agora estou aqui escrevendo este registro. Tá tudo bem, sabe? Nada com o que se preocupar. Só tem dias que são mais difíceis do que os outros.

8/6: Depois de sete (!!) anos de amizade, finalmente fui visitar a Gabhi. Pegamos o carro para passar o fim de semana em Gramado e acabamos jantando fondue em um restaurante em meio à névoa, conversando sobre assuntos profundos e histórias pesadas. Fiquei com o olho cheio d'água enquanto a Gabhi me contava uma dessas histórias, engoli mais fondue para seguir em frente.

10/6: O difícil da minha proposta com essa coluna é precisar expor momentos da minha vida que são um pouco vulneráveis demais, que não necessariamente quero expor. Isso se manifesta especialmente quando choro por motivos ligados ao meu namoro — não sei por que outros choros me parecem válidos, mas tenho vontade de esconder que choro por momentos difíceis de relacionamento. Enquanto exploro isso na terapia, registro: chorei numa DR difícil pré-dia dos namorados.

11/6: O dia inteiro pós-choro-de-DR foi regado a choros, começando de manhã, seguindo na sessão de terapia toda e se abrandando ao longo da tarde. À noite, já estava tudo bem. Às vezes só preciso mesmo botar lágrimas o suficiente para fora.

12/6: Dia das namoradas e eu dei uma choradinha de leve com post fofo da Laura.

13/6: Muita ansiedade, aquela sensação do corpo vibrando com um incômodo não nomeado. Gal Costa tocando no Spotify enquanto eu traduzia, num livro, uma cena narrando o assassinato do John Lennon. Chorei na frente do computador, como faço tantas vezes.

15/6: Fui ao show do Gilberto Gil com minha mãe e minha irmã. Ver o Gil ao vivo é sempre mágico e toda vez fico com o coração cheio, bem #gratiluz, por poder vê-lo espalhar tanta beleza. Chorei em "Se eu quiser falar com deus", uma das minhas músicas preferidas dele.

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