Diário de uma manteiga derretida: maio de 2018

Sofia Soter
Entusiastas
Published in
3 min readMay 25, 2018
Brooklyn Nine-Nine.

Em maio, abracei os clichês nas minhas emoções. Teve de tudo: família, amor, trauma, séries de televisão. Um verdadeiro combo de sentimentos clássicos da minha vida — para completar o bingo, só faltou um bom choro catártico na terapia e chorar de dor física (o que não aconteceu, surpreendentemente, apesar de eu ter ficado gripada, com febre, e dias depois derrubar uma gaveta no meu pé direito, que dói até agora).

1/5: Comecei o mês com choros familiares – tanto no sentido de conhecidos, quanto no sentido de ligados à família. Nada grave, nada sério, só as frustrações inerentes a discussões e discordâncias familiares, aos sentimentos construídos por mais de vinte anos que acabam escapando em conversas inesperadas.

7/5: Ainda mais clássico do que chorar por estresse com parentes é chorar por causa de ex-namorado, mas aceito minha existência como um ocasional clichê ambulante. Estou solteira já faz mais de um ano e, no geral, ando bem, mas mesmo com distância e tranquilidade não sou imune a tristezas ocasionais que ecoam tempos depois de términos de relações longas.

17/5: Lembram que tinha acabado a quarta temporada de Dawson's Creek em março? Só acabei a sexta em maio, depois de uma pausa no meio da temporada porque estava achando ruim demais. Passei incólume pela maior parte dos sofrimentos profundos ou superficiais dos episódios, mas chorei no último (apesar de ser um final ruim e desnecessário), com o vídeo que (spoiler!) Jen, morrendo, grava para sua filha pequena.

19/5: A Gabhi lançou uma novellette, Arch-Nemesis, que é inteiramente maravilhosa, como tudo que ela escreve. Chorei com um diálogo entre o protagonista e sua avó, mas não quero dar spoilers para vocês porque a leitura vale a pena.

20/5: Trauma é uma coisa estranha, porque de vez em quando as memórias ressurgem quando você menos espera e te derrubam. Chorei na noite do dia 20, depois de um dia ótimo na companhia da minha mãe, ao ler sobre um dos muitos atiradores em colégios americanos, que justificou seu ato de violência como reação a se sentir rejeitado por uma garota. Pensei em várias vezes que temi pela minha segurança por causa de homens, mesmo dentro de relacionamentos. Pensei em todas as vezes que agradeci mentalmente por um ex-namorado não ter acesso a armas de fogo. Pensei em violências que sofri e em como podiam ter sido ainda piores. Chorei.

21/5: Para acalentar a alma depois da crise da noite anterior, vi o último episódio da temporada de Brooklyn Nine-Nine. Chorei alegre, com o coração cheio de amor, em cenas fofas e emocionantes.

24/5: Depois da aula de boxe, antes de almoçar, cliquei em um link que levou a outro link e depois a outro e acabei chorando (contida, lágrimas que enchem os olhos mas não chegam a escorrer) lendo fanfic de Gossip Girl, porque a Blair Waldorf sofrendo ainda me faz sofrer — é o perigo da identificação. (A quem interessar: "upon what were once knees" e "never let me go".)

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