Episódio de Friends em que Rachel e Phoebe saem para correr

Diários de caminhada

Ana Luísa Bussular
Entusiastas
3 min readMar 8, 2018

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Deixa eu contar uma coisa pra vocês: eu sou bastante sedentária e não, eu não me orgulho disso. Embora exista todo um universo de possibilidades esportivas, existe também todo um arsenal de desculpas muito convincentes para não levantar a bunda do sofá e dar um jeito de praticá-las. Mas meu médico me deu um ultimato, e eu estou tentando tomar vergonha na cara.

Depois de ficar queimando a cuca, choramingando porque natação é caro e porque não tenho um vídeo game pra jogar just dance, resolvi recorrer à opção mais democrática de todas: calçar um tênis e ir caminhar. Por sorte, tenho uma praça a 3 quadras da minha casa e é por lá que tenho cumprido minha nova agenda. Vim contar como tem sido.

No primeiro dia, uma sexta-feira, já acordei querendo desistir. “Está chovendo”, pensei, sem nem abrir a janela. Mas levantei. Comi umas bolachinhas e na verdade estava fazendo um belo sol. Coloquei minha roupa de ginástica, um podcast no fone de ouvido e lá fui eu, com a cara e a coragem, disposta a dar 10 voltas na praça. Quando estava na sétima, decidi que oito eram o suficiente e é o que tenho feito desde então — só que eu não imaginava que minhas oito voltinhas na praça perto de casa iam se tornar tão importantes.

Pode ser que esteja cedo demais para cantar vitória, mas o fato é que minha “obrigação médica” era caminhar 4 vezes na semana e, nessa última, eu fui todos os 5 dias úteis. Isso porque, depois da pré estreia na sexta feira anterior, na segunda-feira eu já acordei pensando em qual dia eu iria escolher para não ir — mas, enquanto isso, fui indo. E quando completei o quarto dia, na quinta-feira, pensei que não precisaria ir na sexta, até que, no meio da tarde, me deu uma vontade louca de ir andar na praça e lá fui eu.

Dia após dia tem sido menos cansativo e eu tenho chegado cada vez menos esbaforida em casa. Já experimentei caminhar ouvindo podcast e teve um dia até que arrisquei um capítulo ou outro no e-reader enquanto dava minhas voltinhas, mas nos últimos dias tenho andado mesmo é sem interferência nenhuma. Só eu, meus pensamentos, as voltas e os barulhos da praça.

Já sei que tem as pessoas que caminham de manhã, e tem também o cara que corre. Na sexta-feira de manhã, também, a prefeitura corta a grama. Na sexta-feira a tarde, meninos jogam bola na quadra. Eventualmente tem gente usando a pequena academia gratuita e/ou tem alguns adultos passeando com bebês no carrinho ou observando crianças brincarem no parquinho.

Tem gente também que caminha em casal, gente que caminha sozinho, gente que caminha com roupas inapropriadas. Achei muito diferenciado o dia que tinha uma moça de vestido e rasteirinha (quem caminha assim?).

Quando estou andando no sentido contrário ao de alguém, fico brincando sozinha de perceber quem está andando mais rápido e tudo sempre depende dos dois momentos em que nossos caminhos se cruzam. Dou um sorrisinho interno vitorioso quando “ganho” e um cumprimento respeitoso, também interno, quando “perco”. É divertido. A verdade é que eu ainda não aprendi a ficar apenas quieta dando minhas voltas, preciso ocupar a cabeça com coisas aleatórias ou acabo ficando presa na contagem regressiva das oito voltas, o que é bem mais cansativo. Prefiro quando percebo que já estou na última e nem doeu.

Uma das maiores vitórias até agora foi o dia que meu primo arquiteto me contou que cada lado da quadra curitibana tem 100 metros. Com minhas 8 voltas, tenho configurado 3,2 quilômetros diários, isso sem contar as 3 quadras que desço e subo na hora de ir e voltar. É bem mais do que eu pensava que eu seria capaz! Toma aí mais um sorrisinho de vitória.

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Ana Luísa Bussular
Entusiastas

Jornalista aspirante a escritora e editora, passa o dia querendo ler e escrever. https://medium.com/entusiastas