Memórias literárias

Taryne Zottino
Entusiastas
Published in
2 min readMar 20, 2018
Na maior parte do tempo, quando estou fora de casa, eu continuo pensando que eu estaria bem mais feliz na minha cama com um livro. E isso me faz sentir o oposto de “cool”— Liberal Arts

Eu tenho inúmeras memórias envolvendo livros. Sempre achei que não era coincidência eles me encontrarem quando eu mais precisava de um conselho, um personagem para me identificar, um carinho na alma, ou qualquer um dos “remédios” que os livros são capazes de fornecer. Entre tantas lembranças, eu gosto de uma em especial: meu encontro com meu autor favorito.

Foi no último ano do Ensino Médio, na minha aula mais querida: Literatura, claro. A professora pediu silêncio, pegou um pedaço de papel depois de um sorteio e me entregou. Desdobrei devagar e li o nome escrito em itálico: Erico Verissimo. Minhas amigas perguntaram se “era legal”, já que era eu a maior leitora entre nós. Respondi que sim, mesmo sem conhecer, porque me lembrava vagamente de já ter ouvido alguns elogios.

A tarefa era bem simples, precisávamos fazer uma apresentação em grupo sobre aquele autor. Como sempre, nós fomos até a biblioteca, pesquisamos e pegamos alguns livros do Erico. Fui para a casa da minha avó com um exemplar de Clarissa vermelho e empoeirado, de capa dura e com letras douradas. Eu não precisava ler tudo, apenas conhecer o estilo do escritor, pesquisar sobre a obra. Mas algo me atraiu e eu abri o livro, percorri aquela página amarelada e comecei. Achei que seria só essa primeira página, mas não foi.

Ventos rurais despentearam meu cabelo, flores voaram por entre as minhas mãos. E em menos de quatro horas, o livro estava terminado. Desde aquele momento, sempre que me perguntam qual é meu escritor favorito, lá está aquele mesmo nome que foi lido em uma segunda-feira, no fim de dois mil e oito, em um papel rabiscado com caneta azul.

Dá para dizer que foi só uma coincidência? Talvez. Para mim, não foi. Desde então, tantos encontros aconteceram e ainda vão acontecer. Geralmente acontecem com livros dos quais eu não esperava absolutamente nada. Eles aparecem do nada e arrebatam, tem o poder de maravilhar. E é por momentos assim que eu continuo lendo. Sempre em busca de títulos que vão crescer dentro de mim e se tornar memórias inesquecíveis.

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Taryne Zottino
Entusiastas

Lê e escreve como uma forma de experimentar a vida duas vezes // IG: @tarynedisse