Tiro fotos para lembrar

Ana Luísa Bussular
Entusiastas
Published in
2 min readJan 25, 2018
Foto: @analubussular

Hoje em dia estamos todos tão inseridos na tecnologia e na famosa “era do espetáculo”, que se a gente para pra pensar em todas as redes sociais das quais somos membros e em todo o exibicionismo de nossas vidas, isso pode fazer com que acabemos achando tudo muito frívolo e até meio desesperador.

Se já pensei sobre o assunto? Bastante. Em várias madrugadas em que a insônia atacou. Mas são nesses mesmos momentos em que eu acabo ficando minutos a fio rodando o dedo no feed do meu próprio Instagram e sorrindo sozinha.

Que a vida não é um conto de fadas, a gente sabe, e se o que a gente compartilha por aí é apenas um recorte, isso era o mesmo que acontecia com nossos antigos álbuns de família, com fotos reveladas e legendadas com a letra de mão de nossas mães.

Já me culpei muito por nunca mais ter revelado fotos, e um dia ainda penso em fazer isso, mas entendi que o que importa é que elas existem para me fazer relembrar emocionada de momentos que eu vivi. É romântico, e até bastante justo, pensar que devemos viver no presente. Mas a realidade, que li numa matéria sobre memória e nunca esqueci, é que ele só dura 3 segundos e que, portanto, a gente vive de passado. Estamos no presente, sim, mas vivemos de tudo o que já nos aconteceu, seja há 10 anos ou há 10 segundos, e eu sou dessas nostálgicas que curte, sim, encher os olhos de lágrimas e sorrir sozinha no quarto vendo fotos do verão de 2011, quando eu estava na piscina com meus primos, ou os registros da minha primeira amiga a casar no ano retrasado.

Eu gosto de lembrar. Com 13 anos eu sentava no chão da sala com meus álbuns de bebê e ligava música para curtir a nostalgia. Hoje em dia, eu fico abraçada com meu próprio Instagram, que não deixa de ser um registro da minha vida, das minhas amizades, das minhas folias, dos meus livros. Mudou a interface, agora tem likes e comentários envolvidos e é uma tela ao invés do papel, mas meu intuito é o mesmo: a possibilidade de recordar. Recordar esses momentos de felicidade que, como diz a jornalista Cristiana Guerra, são aqueles momentos incríveis entre uma ansiedade e outra.

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Ana Luísa Bussular
Entusiastas

Jornalista aspirante a escritora e editora, passa o dia querendo ler e escrever. https://medium.com/entusiastas