A angústia em ‘Uma Mulher no Escuro’

Gerson Souza Cruz
E Outras Coisas
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2 min readSep 1, 2020

Resenha crítica por Gerson Souza Cruz

Capa de ‘Uma Mulher no Escuro’. Crédito: Divulgação

A data é 31 de maio de 1998. Victoria Bravo era apenas uma garota de quatro anos, quando presenciou o pai, a mãe e o irmão serem brutalmente assassinados por um homem misterioso. Não bastasse o crime, cada integrante teve ainda o rosto pichado com tinta preta.

Após 20 anos, acompanhamos a rotina nada fácil de Victoria. Em meio a crises de ansiedade e dificuldade para se relacionar, vemos uma menina tímida e solitária que passou a vida inteira frequentando terapia e observando a vida pela janela do apartamento — uma forma de lidar com seus demônios do passado.

Então, de repente, em um dia qualquer, Victoria tem seu mundo particular invadido, ao se deparar que a porta de seu apartamento foi arrombada. Ao entrar no quarto, encontra na parede a frase “vamos brincar?”. Em cima da cama, Babu, seu ursinho de pelúcia, está completamente pichado de tinta preta.

Num piscar de olhos, Victoria se vê obrigada a retornar ao passado pela primeira vez desde o assassinato de sua família, embarcando em uma jornada para tentar descobrir quem foi o assassino.

Com uma escrita ágil, o thriller psicológico do escritor brasileiro Raphael Montes traz uma protagonista feminina pela primeira vez, em uma jornada de autodescoberta e enfrentamento de seu passado.

Sendo um livro um pouco curto, a leitura é “leve” e rápida, com uma reviravolta em praticamente todos os capítulos, uma construção inteligente dos personagens e o suspense que vai do começo até o fim da leitura.

A história se passa na Lapa, Rio de Janeiro, o que deixa a narrativa ainda mais assustadora, com aspectos que nos fazem identificar tanto com os personagens quanto com os próprios cenários.

A única coisa que talvez tenha me decepcionado é a conclusão da história, que não chegou a impactar tanto devido aos acontecimentos também chocantes durante a narrativa. Mas não é algo que atrapalhe o aproveitamento da obra.

Por fim, é um dos livros que mais me surpreendeu durante a quarentena, e que, desde o lançamento no ano passado, o autor tem conquistado um público consumidor com uma obra tão completa do gênero de nossa nacionalidade.

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Gerson Souza Cruz
E Outras Coisas

Jornalista em construção; cinéfilo metido a crítico