A Hospedeira e os alienígenas do "bem"

Projeto Etcetera
E Outras Coisas
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4 min readApr 9, 2023

Resenha de Aline Ramalho*

A Hospedeira (2013) é um filme de ficção científica baseado num romance de Stephanie Meyer (autora da saga Crepúsculo) e dirigido por Andrew Niccol, que dentre tantos trabalhos, escreveu e coproduziu "The Truman Show". A trama se passa em uma época futurista onde o planeta Terra é invadido por uma raça alienígena chamada de ‘’alma’’, que ocupa, como um parasita, a mente e corpo de quase todos os humanos existentes.

Crédito: Divulgação

Diferente de tantas obras em que os alienígenas visam destruir a Terra, em A Hospedeira as almas consideram-se seres evoluídos e do bem, com objetivo de experienciar e aperfeiçoar os planetas que invadem. Segundo esses alienígenas, a Terra estava sendo destruída por seus habitantes, que também matavam uns aos outros, por isso a intervenção.

Dona de uma personalidade forte, a protagonista Melanie Stryder (Saoirse Ronan) faz parte de um pequeno grupo de humanos sobreviventes que resistem à ocupação, e ela não se rende à invasão de Peregrina (alma que invade seu corpo). Com isso, as duas consciências disputam o domínio da situação, o que não é fácil, já que Melanie tem um grande motivo para não se entregar: proteger seu grupo e, principalmente, o irmãozinho Jamie (Chandler Canterbury) e o seu namorado Jared Howe (Max Irons). Quando uma alma invade um corpo, fica também com as lembranças e sentimentos dele, só que Peregrina (Peg) não imaginava que as emoções humanas são tão complexas e intensas.

O que esperar de um livro da Stephenie Meyer? Nada menos que uma aventura criativa e contagiante. Nascida em Connecticut- Estados Unidos, em 24 de dezembro de 1973, a escritora é formada em literatura inglesa pela Universidade Brigham Young e conhecida mundialmente por ser autora da saga Crepúsculo. A Hospedeira, por exemplo, se manteve no topo dos livros mais vendidos da lista do jornal The New York por nada mais que 26 semanas. Embora a obra escrita tenha sido aclamada pela maioria dos leitores, a adaptação para o cinema não foi um grande sucesso de bilheteria, contudo, há muitas críticas positivas.

Romances sempre chamam a atenção, mas uma das principais reflexões do filme é como tratamos nosso planeta e as pessoas. Que o amor/respeito/cuidado, dentre tantas virtudes, são a chave da mudança. As almas se consideram ‘’salvadoras da Terra’’ por acabarem com o caos e evitarem a morte de nosso planeta. Confesso que, mesmo enxergando bondade no comportamento desses alienígenas ‘’bem intencionados’’, causa aflição assistir aos humanos perdendo a liberdade/identidade/direito de protagonizar a própria existência, o poder de escolha, a vida em nosso próprio habitat.

A buscadora (personagem da Diane Kruger) é uma das peças fundamentais do enredo e nos faz pensar, dentre tantas coisas, se todas as almas são tão ‘’evoluídas e justas’’.

Foto: Divulgação

Sem dúvidas, minha maior frustração é a escassez de detalhes de alguns questionamentos que considero importantes, a exemplo da vida das almas em outros planetas. Sim, Peg, por exemplo, já experienciou mais de 10 planetas e em momento algum do filme relata como foi a experiência em algum deles. Tamanho pequeno e aparência luminosa são algumas características ‘’físicas’’ desses parasitas que são inseridos no corpo humano por meio de um pequeno corte no pescoço.

Isso me deixa com outra dúvida: as almas são inseridas nos bebês ou eles crescem até uma determinada idade para isso ocorrer? O corpo humano para de envelhecer após hospedar o alienígena? Essas são algumas de minhas curiosidades que não são abordadas no filme, mesmo de maneira superficial, e isso me faz avaliá-lo com nota 8,5. Não tive a oportunidade de ler a obra que antecede o filme, porém, diversos leitores enfatizam a riqueza de detalhes escritos em cada página. O que me faz querer buscar a resposta para essas perguntas.

A parte técnica é incrível e os efeitos especiais são trabalhados de uma maneira inteligente, realista e muito instigante em suas 2h06min de duração. A única característica física capaz de provar que o corpo humano está hospedando o parasita são os olhos, que ganham uma coloração azul luminosa. Você deve estar se perguntando: ‘’Bom, e os poucos humanos resistentes?’’ Esconderam-se na maior parte do tempo e lutam pela sobrevivência da espécie. O enredo mostra, por exemplo, um grupo resistente que reside num vulcão extinto, ou ‘’não tão extinto assim’’, como diz o sábio e querido tio Jeb (William Hurt).

Embora Peg e Melanie (quanto consciências) ocupem o mesmo corpo, com o passar dos dias, Peg descobre que tem sentimentos próprios e diferentes dos de Melanie. É quando se apaixona por Ian (Jacob Abel) e o que era considerado um ‘’triângulo amoroso’’, com a chegada de Ian transforma-se num amável ‘’quarteto’’. O desfecho é surpreendente.

*Estudante do Curso de Jornalismo da Uninassau João Pessoa

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Conteúdo jornalístico desenvolvido pelo curso de Comunicação Social da Uninassau João Pessoa