Pandemia, carreira, novos projetos: entrevista com Arthur Vieira
Reportagem de Danilo Oliveira e Ana Clara
“Sou músico de estrada”. É assim que o músico e compositor paraibano Arthur Vieira, 24, se declara ao ser perguntado pela profissão. Já tendo trabalhado como social media, malabarista, auxiliar de cozinha e barman, encontrou na música o futuro. “Acredito que se deve fazer o que ama.”
Aos 15 anos, Vieira reuniu uma turma de amigos e criou sua primeira banda de rock chamada “Elvo’. O grupo ainda teve boas apresentações em praças locais da capital paraibana, relembra, mas não durou muito. Foi somente aos 18 anos que decidiu seguir a carreira profissionalmente. Após ter criado outra banda de indie rock, a Blackand Martinni, onde lançou um ep com cinco faixas, decidiu finalmente dar início ao projeto solo. Intitulado ‘Vieira’, leva seu sobrenome e já tem cinco anos de estrada.
Após o lançamento do primeiro disco, chamado Comercial Sul (2015), que contém cinco faixas, Vieira fez diversos shows, viajando por várias capitais do Nordeste, adquirindo grande visibilidade, não só na Paraíba, mas também em toda região. Mas a sua maior repercussão e visibilidade veio após o lançamento do segundo disco gravado em São Paulo nos estúdios da Red Bull, o “Parahyba Vive” (2018). “A repercussão foi muito intensa e é sempre muito gostoso trabalhar com música.”
Vieira tem dois álbuns de estúdio lançados, sendo um deles pela Red Bull Studios, através de um concurso em que ganhou no ano de 2017 chamado Red Bull Breaktime Sessions, onde o grupo concorreu com mais de 100 outros grupos de todo o país, obtendo um número de mais de 15 mil votos e mantendo o patrocínio com a marca.
IMPACTO DA PANDEMIA
Todos os setores da arte tiveram uma necessidade de se reinventar nessa nova condição que estamos vivendo, que é a da pandemia da Covid-19. Não foi diferente com Vieira. Com mais de 10 anos de carreira, sentiu o impacto dos cancelamentos dos shows e da arrecadação de verba em que os eventos geravam. “Afetou muito, pois as possibilidades de shows antes da pandemia eram infinitas, e atualmente sem os shows, afetou em média 60% da minha renda”, diz.
A primeira decepção ocorreu logo no início da pandemia, em março, quando a banda participava de um concurso musical da distribuidora de energia EDP, a EDP Live Bands. O concurso foi interrompido devido à quarentena, mas a banda se encontra na final da competição. Até o presente momento, a empresa responsável informa que não tem data prevista para a retomada da competição.
O artista afirma que depende dos eventos e shows para arcar seus custos, pois é onde arrecada a maior parte de seu faturamento, não apenas de bilheteria e contrato com as produtoras, mas também com a venda de camisetas e discos, interrompendo as turnês apenas para poder compor novos materiais para a banda.
Na pandemia, surgiram editais de apoio a músicos. Arthur teve dois projetos aprovados, fazendo com que conseguisse arcar com seus custos e adquirir novos equipamentos para poder continuar com o seu trabalho.
“Vi nessa situação uma oportunidade de replanejar e refletir sobre como vai ser a vida daqui para frente, tirando um tempo livre para poder focar mais nas atividades dentro de casa, como compor novas músicas, cuidar das plantas e gerar novas ideias”, diz.
Mediante a tudo isso que estamos vivendo, os artistas do mundo todo precisaram se reinventar para poder transmitir suas músicas. Uma opção que deu super certo foi através de plataformas de streaming como a Twitch.
Vieira afirma que no início da pandemia, fazer as transmissões ao vivo foi algo bem “fervoroso”, pois essa oportunidade fez com que mais pessoas conhecessem seu trabalho e sua música, captando um público maior, inclusive de pessoas de outros países. “Com essa migração da população para o mundo digital, essa nova ferramenta vai fazer com que os artistas queiram manter o streaming, pois é uma nova oportunidade de marketing”.
Sobre o futuro da carreira, Arthur mantém um certo mistério, mas afirma estar trabalhando em um novo álbum que será lançado brevemente. Também em sua conta no Instagram, o músico está sempre postando vídeos de suas novas composições e projetos paralelos.