Por que Lorde não agradou com ‘Solar Power’?

Gerson Souza Cruz
E Outras Coisas
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2 min readDec 2, 2021

Coluna de Gerson Souza Cruz

Imagem promocional do álbum “Solar Power”. Créditos: reprodução

Ella Marija Lani Yelich-O’Connor ficou conhecida mundialmente como ‘Lorde’ em 2013, com a música Royals — que vendeu mais de 10 milhões de cópias nos Estados Unidos e rendeu dois Grammys na 56° edição do evento (2014). Além da faixa, outros hits compõem o primeiro álbum de estúdio da cantora e compositora neozelandesa, com críticas sobre a diferença de classes sociais e reflexões sobre adolescência e amadurecimento.

Em 2017, Lorde retorna com a música Green Light, primeira faixa de seu segundo projeto de estúdio — ”Melodrama”. Essa nova “era” da artista chocou por trazer uma estética mais ‘pop’, ao contrário de seu primeiro disco, que visual e sonoramente traziam o gótico e o alternativo. Mas o que realmente se destaca são as composições de Lorde em parceria com Jack Anthonoff, também produtor do projeto. O disco se encontra na lista de melhores álbuns de 2017 dos críticos da Rolling Stone, NPR e Pitchfork, e é descrito como “a solidão após o término de um relacionamento” pela cantora.

Porém, em 2021, o retorno da cantora ao mundo da música era um dos mais esperados dos últimos dois anos, e acabou sendo uma grande decepção. Isso porque a Lorde melancólica dos últimos álbuns parece ter ficado no passado, dando espaço para uma nova Lorde ‘paz e amor’ na faixa “Solar Power”, música-título de seu terceiro projeto de estúdio, escolhida e lançada em junho para começar os trabalhos de divulgação da nova ‘era’.

O álbum Solar Power, lançado em agosto deste ano, traz influência psicodélica dos anos 1960/1970, misturada com o rádio pop dos anos 1990/2000, com letras sobre a experiência da Lorde na indústria da música, aquecimento global e a ‘cultura do bem-estar’, popularizada em tempos de redes sociais. Porém, a coletânea de faixas dividiu as opiniões da crítica especializada e do público.

Independentemente de qualquer análise feita minuciosamente sobre cada música do disco, esperava-se algo tão inovador quanto o Melodrama, já que o projeto é o 14° melhor álbum da década passada pelo Metacritic, portal que compila as críticas mais importantes das revistas de música do mundo. Apesar de não ser o melhor disco da artista, não podemos dizer que Solar Power é um álbum ruim ou incompleto, tendo em vista o processo artístico da cantora que, em pausas de aproximadamente quatro anos, retorna para contar sobre sua jornada.

Em entrevista a Vogue, Lorde diz: “Quando eu cansar (de promover o álbum e aparições públicas), vou para casa e você não me verá por anos”. E enquanto Lorde não cansa de todo esse mundo da música, estaremos aqui para nos emocionar e nos identificar com suas letras e vivências. Ou não.

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Gerson Souza Cruz
E Outras Coisas

Jornalista em construção; cinéfilo metido a crítico