entre rupturas e impermanências
/as pessoas vêm e se vão/
.
esses dias presa no trânsito
decidi que precisava guardar algumas coisas
de algumas dessas pessoas que passaram rápido demais.
dessas que eu queria que tivessem ficado
mas que romperam drasticamente com qualquer possibilidade de permanência
.
/ruptura/
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decido que não vou guardar suas roupas ou presentes
e guardo apenas suas palavras e símbolos
em um conjunto de memórias que ficam
não importa o que quem ou quanto se passe
.
selecionando-as como minha vó seleciona feijões,
sei que preciso ser tão cuidadosa quanto ela
porque em meio a palavras doces você
também soube ser cruel
.
tento me ater as palavras, mas
volta e meia eu lembro de quando você sorria
como quem não queria nada e ainda assim
tinha tudo o que ninguém que veio depois de você teve
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volta e meia
eu sinto falta
de conseguir entregar
tudo
ou quase tudo
.
/não sinto sua falta. nada disso não é sobre você/