eu fiz as pazes com o seu fantasma.

Quatro anos depois da sua chegada, um ano e exatos nove meses depois da nossa partida, eu compreendi um universo inteiro dentro de mim.

Desde aquele adeus, eu fiz da minha vida a morada do seu fantasma e permiti que entrasse e saísse de mim conforme você desejava. Eu escrevi em ti as marcas das minhas sombras e inscrevesse em mim os seus vazios. Quando nos deixamos, fiz uma cama confortável para me deitar sozinha. Eu escrevi, esbravejei minha raiva, minha frustração e dancei com demônios.

Eu te quis tanto que arquitetei universos completos apenas com meu desejo. Fiz em minha cama um espaço para ti, enfeitei minhas memórias e escondi as dores por debaixo das decorações. Romantizei até o último instante, consciente de mim, de ti, das sombras, das luzes, das raivas, dos amores, do desejo e da vontade desesperadora de ter você comigo.

Um ano e exatos nove meses depois da nossa partida, eu comecei a aceitar que você ainda mora em mim.

Quatro anos depois da sua chegada, eu entendi que meu coração não irá deixar de acelerar ao te ver.

ele ainda acelera frente a qualquer demonstração de permanência.

A vulnerabilidade em ser amarrada a ti fez de partes minhas espaços ocos. O eu que um dia te amou ainda está em mim, ainda treme ao ouvir seu nome, ainda sente o coração aquecer.

O eu que existe em mim aceitou sua presença.

e o nó que foi amarrado a ele, ainda se remonta em

nós.