Beatriz Klein
Epifanias de Saturno
2 min readJul 9, 2018

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o limiar entre existir resistir e viver

Viver pode doer. Não é fácil. Temos tantos preconceitos em nossas mentes, sobre o tempo, sobre o amor, sobre ser feliz, ser bem sucedido. Esquecemos que viver é único de cada ser, é único para cada um. Eu não sou como você, como ela, como minha mãe, como meu pai, como meus ancestrais.

Eu sou eu, uma junção de cada vivência, mas acima de tudo, eu sou eu. Eu deveria definir o que é meu tempo, o que é meu amar e ser amada e ser amor, o que é e quando ser feliz, como ser, como manter. Eu devo definir o meu viver, pois viver a partir do que os outros aprenderam, são e serão não define, por si só, a existência do meu ser.

O que eu mais batalho dentro de mim é sobre o que fazer do meu amar. do meu amor. É difícil mensurar a imensidão que possuo dentro de mim, é difícil ponderar sobre o que fazer com tudo isso que carrego.

Por vezes tenho medo, pois dói dar tanto de mim e ver ir embora com algo ou alguém. Curar essa parte minha que se vai é um processo longo e doloroso. Doar minha essência não me é simples. Carrego tanto em mim que penso que isso não pode ser somente dessa vida.

Quero me conectar com as pessoas, poder ser parte delas, assim como elas são de mim. Cada um que carrego transforma minha alma, acrescenta peso e traz leveza.

O que sinto que quero dizer é que, apesar de tanto amar e doer, eu continuo existindo. vivendo. Não posso esperar que tudo aquilo que doei vai voltar para mim da forma que penso que irá voltar. Tenho que lembrar algo que sempre me digo: se você fez algo bom no universo, o universo há de fazer algo bom em ti.

Seja da forma que for, seja do jeito que tem que ser, o amor volta. O amor existe e está ao meu redor. De tantas maneiras que meu ser em ebulição só sabe ser poesia em si, só sabe sentir. O amor volta, em forma de pôr do sol, de dias de sol, em forma de abraços inesperados, de amizades verdadeiras, de música, de confiança, de carinho, de se perdoar e aprender sobre si.

Eu sei que há dias e períodos e semanas e meses difíceis. sempre há. mas, dentro desses dias cinzas e pesados, há a leveza de existir. há a leveza de viver. há a leveza de saber que sou parte de algo, de algo grande, de algo lindo.

Quando estiver tudo difícil, só quero me lembrar do amor que há nas pequenas coisas e agradecer pelas formas que ele encontra de fazer parte da minha imensidão.

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