Como fazer um bom MVP?

Guilherme Melo
EquitasVC
Published in
6 min readJun 22, 2022

Primeiro, a equipe surge com uma ideia. Depois, constroem uma versão mais simples do produto (o que chamam de MVP), gastando bastante tempo discutindo quais features ele deve ou não ter. Depois, lançam uma versão mais completa no mercado e torcem para os clientes engajarem.

Qual o problema disso e por que mais de 40% das startups morrem nessa etapa do negócio?

O problema é que essas equipes não entenderam muito bem o que é um MVP. MVP não precisa ser um produto “menos completo” do que a versão final. Na verdade, ele nem precisa ser um produto. E não é algo que você constrói apenas uma vez e depois considera o trabalho validado.

O MVP é um processo que você define a sua hipótese mais arriscada sobre um mercado e cria um teste com o menor esforço possível para validar tais suposições e vai utilizando os resultados para corrigir o rumo do seu negócio.

Quando você começa um negócio, você faz diversas suposições: supõe os motivos pelos quais o seu clinte vai comprar o seu produto/serviço, supõe como o design deve funcionar, supõe estratégias de monetização e como o marketing deve funcionar. Mas, você não sabe quais delas estão certas e quais estão erradas.

Como saber?

Adicionando MVP no processo de criação de uma startup

Antes de pensar no MVP, vamos assumir que (i) você já decidiu sobre o mercado que você quer atuar, (ii) que você criou boas relações com os seus potenciais clientes (a ponto de definir os seus jobs-to-be-done) e (iii) começou a pensar em uma hipótese para solucionar os problemas apresentados. Agora, chegou o momento que você vai testar a hipótese que você pensou.

Para isso, Gagan Biyani, co-founder e CEO da Maven, criou um framework que serviu de base para acelerar o crescimento no início de carreira da Udemy, Lift e da própria Maven:

1. Encontre a sua proposta de valor

Determine a promessa da sua ideia. Por que os usuários iriam querer isso?

Foco nas ações: lembre-se que os clientes nem sempre vão ser transparentes com você. Normalmente, eles tem medo de desagradar e vão te falar aquilo que você quer ouvir. Perguntas do tipo “você compraria esse produto?” não funcionam aqui. Foque na forma como ele se comporta: o que ele está tentando fazer? Como você pode ajudar a realizar seus jobs-to-be-done melhor do que eles já fazem?

Fique longe de ideias muito complicadas: sua solução pode até ser complexa (na sua visão), mas para o consumidor tem que ser algo simples. Quem não gostaria de um táxi que chega sob demanda em menos de 5 minutos? Quem não gostaria que uma linha de código substituísse os dias de implementação de sistemas complexos de processamento de pagamentos? Encontre uma proposta de valor que seja óbvia.

2. Liste suas suposições mais arriscadas.

Por que isso pode não funcionar? O que quebraria a sua empresa?

Construa algo que as pessoas queiram (YCombinator). Apesar de todo mundo saber disso, de alguma forma, boa parte dos fundadores criam produtos/serviços que as pessoas não queremcerca de metade dos fundadores que conheço não listam “as pessoas querem isso” como uma das três principais suposições que estão fazendo sobre seus negócios.

A prática é diferente da teoria. Muitas grandes ideias morrem porque simplesmente não funcionam na realidade. É bem importante identificar os riscos relacionados à viabilidade de execução.

Canal de distribuição. Muitos fundadores têm uma ótima ideia, mas não conseguem descobrir como vendê-la. Você conhece o suficiente sobre o seu mercado para saber como vendê-lo e quem de fato é o seu cliente? Como você vai elaborar a sua estratégia go-to-market? Você pretende criar uma comunidade, partir para conteúdo ou vai pelo caminho de anúncios nas redes sociais?

Tamanho do mercado. Isso é quase impossível de adivinhar e muitas pessoas acenam com o tamanho do mercado potencial e colocam números vagos (e isso é mais frequente ainda em soluções disruptivas). Se o seu produto é limitado e você acredita que é extensível, coloque isso na sua lista de riscos.

Precificação. Force-se a descobrir qual o preço que os consumidores estão dispostos a pagar.

3. Faça testes

Escolha sua suposição arriscada e teste apenas uma de cada vez. Você quase sempre terá 2–3 suposições arriscadas testadas de uma só vez, mas sempre deve haver uma primária. Se não houver, você não obterá resultados conclusivos.

Elabore um teste para essa suposição específica. Se sua hipótese mais arriscada é o risco de execução: teste a execução tentando entregar os bens ou serviços da maneira mais rápida possível. A partir daí, muitas vezes você pode criar um segundo e terceiro testes para mergulhar ainda mais fundo em áreas específicas de preocupação. Se sua hipótese mais arriscada é se as pessoas vão querer seu produto, não pergunte a elas. Tente vender para elas no powerpoint.

Não construa tudo. Concentre-se apenas na hipótese. Pensando em criar um ecommerce, por exemplo, você não precisa construir um sistema de pedidos pela web, um armazém e um sistema de entrega para avaliar se as pessoas querem ou não a sua solução. Em vez disso, identifique sua suposição arriscada: é se as pessoas realmente querem comprar determinado produto online? Em seguida, teste apenas isso criando uma página da Web para compradores de livros. Sua solução o ajudará a saber se seus instintos estão certos.

Como startups de sucesso fizeram os seus primeiros MVPs?

Dropbox

Em 2012, os fundadores da Dropbox criaram um vídeo explicando como seria o produto com um link para se cadastrar na fila de espera. Com isso, conseguiram pegar a percepção dos clientes antes de passar horas escrevendo linhas de código.

Amazon

No início dos anos 90, quando Jeff Bezos viu a ascensão da internet, teve a ideia de vender livros online. Deixou seu emprego, voltou para casa com seus pais e construiu um MVP na forma de um site simples (foto abaixo).

Apesar do design básico de seu MVP e do conjunto mínimo de recursos, a plataforma original da Amazon provou as suposições de Bezos. Vender livros online a baixo custo era algo que todos queriam.

Uber

Em 2008, Travis Kalanick e o fundador do Stumbleupon, Garrett Camp, eram apenas dois caras com uma ideia. O problema que eles queriam resolver? O custo do serviço de táxi.

Assim, o Uber nasceu. Originalmente apelidado de UberCab, seu MVP permitiu que as pessoas em São Francisco pedissem serviços de carros por meio de um app (iPhone) e SMS (para outros dispositivos).

Aibnb

Em 2007, ex-colegas de quarto da escola se mudaram para São Francisco para iniciar um negócio. Porém, não tinham dinheiro para pagar o aluguel do apartamento. Então, abriram o apartamento deles como uma acomodação barata para participantes de uma conferência de design que ia acontecer na cidade. Tiraram fotos do apartamento, subiram em um site e logo tiveram 3 hóspedes pagantes.

A interação lado a lado com os clientes fez com que os fundadores conseguissem entender os desejos dos sus clientes e validar o que eles estariam dispostos a pagar por aquela experiência.

Fazer um processo de MVP bem feito é fundamental para o sucesso de uma startup. Não caia na tentação de desenvolver um produto nos primeiros meses — em vez disso, foque em testar suas hipóteses de alguma outra forma e faça isso de forma palatina, hipótese por hipótese.

Veja mais conteúdos em: https://medium.com/equitasvc

--

--