Gerencie as expectativas para que elas não gerenciem você

Guilherme Melo
EquitasVC
Published in
4 min readApr 14, 2022

“Expectativa baixa, Gui!”: Talvez essa tenha sido a frase que eu mais escutei nos últimos 6 meses — e, com toda essa repetição, é capaz que eu tenha aprendido um dos maiores ensinamentos da minha vida até o momento.

O texto de hoje é sobre felicidade — é sobre sermos pessoas mais realizadas e menos ansiosas a partir do que esperamos de algum acontecimento, de uma pessoa ou de nós mesmos. É sobre gerenciar aquelas emoções que projetamos e evitar, assim, grandes frustrações.

Uma anedota simples e que pode resumir bem o que eu quero falar é quando fazemos alguma coisa com pressa, como ir ao trabalho, por exemplo. A gente imagina (e espera) que tudo vai acontecer da forma mais perfeita possível e que o tempo vai estar ao nosso favor. Os semáforos vão estar todos acesos e mega sincronizados, as pessoas, nos outros carros, vão acelerar como se não houvesse um amanhã e, incrivelmente, naquela segunda-feira às 9h da manhã, não vai ter trânsito na JK. E, no final, essa história você já conhece: a gente acaba se irritando porque as coisas não acontecem como estávamos esperando. A nossa expectativa estava lá em cima para coisas que dependem pouco ou não dependem de nós. E o resultado é frustração. É ficarmos, por um instante ou até mesmo por um dia, menos felizes por conta de uma expectativa que a gente mesmo criou sobre uma situação.

E, dessa anedota, conseguimos resumir bem a felicidade a uma fórmula bem simples: Felicidade = realidade — expectativas

Assim, a gente pode ser mais feliz melhorando a nossa realidade ou diminuindo as nossas expectativas. Convenhamos que a segunda é muito mais fácil.

Mas como é que a gente gerencia essas expectativas e jogamos elas lá pra baixo?

Gerenciando suas próprias expectativas

As nossas expectativas são basicamente os nossos palpites misturados com uma boa dose de esperança. E, para gerenciar, acredito em dois pontos:

1. Nunca assuma (e nunca projete os melhores cenários)

Na dúvida, pergunte. Pergunte ao seu amigo, colega de trabalho, marido/esposa.. pergunte o que eles querem ou precisam em alguma situação específica. Pergunte o prazo de alguma coisa ou simplesmente não assuma que o melhor vai acontecer. Não assuma que sua apresentação foi a melhor do mundo e, pela reação do público, você vai bombar ou que sua startup vai receber um term sheet gigante de um dos melhores VCs do país.

Economize tempo, esforço e emocional. Pergunte com antecedência — ou simplesmente não imagine o melhor cenário, pois as chances das coisas acontecerem como você está imaginando são ridiculamente baixas.

2. Aproveite como a sua vida está hoje — e agora.

Existe uma linha tênue entre expectativas e objetivos. O segundo é algo que você pretende alcançar e que se planeja para aquilo. Já o primeiro é uma simples especulação sua sobre o que o seu futuro pode reservar (mas, na verdade, ele não vai).

Aproveite as coisas como elas já estão. Você não precisa receber uma promoção para sua vida financeira ser perfeita. Você não precisa que sua esposa, marido ou seus amigos leiam o artigo que você publicou. Sua startup não precisa do maior fundo de Venture Capital para ela ser uma empresa boa. Se essas coisas acontecerem, é claro que a realidade tende a ser melhor. Mas a gente viver projetando isso é um ato de autosabotagem. As chances (sempre) são muito baixas.

Gerenciando as expectativas de outras pessoas

Um pouco mais difícil do que gerenciar as nossas próprias expectativas é gerenciar as expectativas que os outros têm sobre nós. E podemos fazer isso sendo uma pessoa mais proativa.

1. Comunique-se

Over-communicate. Deixe os outros saberem exatamente quais são os seus planos, quais são as suas preferências, quais são os seus limites (e lembre-se: não tem nenhum super-herói aqui), quais são os seus horários e quando você vai estar disponível ou não. Se comunicar nunca é demais e ter esse alinhamento é o passo 1 para que os outros não se frustrem com você.

2. Antecipe problemas

A sua empresa não vai atingir o que os seus investidores/funcionários estão esperando? Então comunique isso para eles. Seja transparente e mande o papo reto. A verdade nua e crua pode até doer no curto prazo, mas ela é extremamente boa para a criação de confiança.

“Expectativa baixa, Gui”. Realmente, foi uma das melhores lições que eu aprendi até agora. E apesar de ter listado poucos pontos aqui nesse artigo, eu acredito fortemente que são os essenciais para gerenciarmos melhor as expectativas e, assim, termos uma vida muito mais feliz — afinal, o texto é sobre felicidade.

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