Chega de moleton!

Ana Clara Duarte
eraumavezumatleta
Published in
3 min readApr 8, 2017

Um dos significados de armador no dicionário é o seguinte: aquele que prepara armadilhas ou arquiteta situações para levar alguma vantagem sobre os outros. E essa foi a função de Bruno Souza no handebol. Em quase vinte anos de carreira, serviu doze deles a seleção, foi bicampeão dos Jogos Pan-Americanos (2003 e 2007), prata em mais um (1999) e ainda chegou a ser eleito o terceiro melhor jogador do mundo, em 2003.

Bruno Souza foi o terceiro melhor jogador do mundo em 2003 (Arquivo Pessoal)

Sim, muitos não sabem, mas um dos melhores jogadores do mundo de handebol é brasileiro. Bruno morou na Europa, a maior parte do tempo na Alemanha, por mais de dez anos, mas isso nunca foi empecilho para que ele deixasse o amor a camisa amarela de lado. O patriotismo ficou ainda mais evidente em 2011, quando adiou a aposentadoria por ainda acreditar na classificação da seleção para os Jogos Olímpicos de Londres-2012. "Joguei na seleção brasileira por mais de 12 anos e sempre foi um motivo de orgulho estar no grupo".

Na época, Bruno se recuperava de uma cirurgia no joelho quando foi convocado a voltar à seleção. "A aposentadoria teve que esperar um pouco. Mas precisava estender a mão em prol do esporte que tanto amo e atrasei um pouco a nova vida".

Bruno Souza durante uma de suas passagens pela seleção brasileira (Arquivo Pessoal)

Bruno se machucou no treino, não disputou o pré-olímpico e o Brasil acabou não conseguindo a vaga para Londres. O craque brasileiro, que vinha sofrendo com as lesões, percebeu que era hora de parar.

Pouco tempo depois, já estava próximo novamente do esporte, só que dessa vez como funcionário do Rio 2016. "Era um ambiente diferente, tinha meu escritório, minha mesa, meu computador, trabalho todo “emperequetado”, e descobri depois de anos que eu não tinha tanta roupa social quanto calças de moleton, por exemplo. Então foi um choque no guarda-roupa também".

Bruno Souza durante a preparação para o Rio 2016, já não como jogador (Arquivo Pessoal)

Bem-humorado e de bem com a vida, desde a aposentadoria, Bruno já passou pela política, pelos Jogos Olímpicos, é comentarista do SporTV, mas sua função principal na nova vida tem apenas três letras: pai. "Eu tenho muito orgulho de depois de ter saído do handebol, ter mais tempo para os meus filhos. Sou um cara super presente e preocupado, principalmente com o futuro. Como eu vivi muitos anos na Europa, fico preocupado com o futuro, de como o Brasil vai se apresentar a essas pessoas que estão nascendo, nossos descendentes. Sou um cara muito presente e tento participar ao máximo da educação deles".

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