Ana Clara Duarte
eraumavezumatleta
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3 min readMar 26, 2017

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Do esporte para vida

Era fevereiro de 2013. No ano anterior, Pedro Cunha tinha chegado até as quartas de final dos Jogos Olímpicos de Londres 2012, em que jogou ao lado de Ricardo. Faltavam alguns meses para o — até então — jogador de vôlei de praia completasse 30 anos.

Aos 29, Pedro tinha 67 pódios em 222 torneios disputados, sendo 27 títulos — 20 no Circuito Brasileiro, seis no Circuito Mundial e um Challenger. Ao todo, acumulou 738 vitórias. Era um dos principais nomes para disputar a Olimpíada do Rio, em que jogaria em casa.

Pedro Cunha chegou até as quartas de final nos Jogos Olímpicos de Londres 2012 (Arquivo Pessoal)

Apesar do cenário parecer favorável, por dentro, Pedro Cunha sabia que algo havia mudado. “As competições começaram a não fazer muito sentido. A felicidade de ganhar e a tristeza de perder já não eram tão grandes, então ficava sempre numa calmaria que eu não estava acostumado, pelo menos não desde que me tornei atleta de ponta. De começar a sentir isso até me aposentar foram uns 8 meses, justamente o período após os Jogos Olímpicos de 2012”.

Pedro Cunha ainda disputou um torneio de despedida, em Maceió, e em março daquele mesmo ano estava aposentado. Isso mesmo, prestes a completar 30 anos e aposentado. E de saco cheio. “Meu físico não aguentava mais tanta carga e mentalmente estava totalmente esgotado”.

Pedro Cunha era um dos nomes mais cotados para o Rio 2016 (Arquivo Pessoal)

Só que ele não conseguiu ficar muito tempo longe das areias. Depois de dois anos afastado das competições e do circuito internacional, decidiu voltar. Era setembro de 2015. “Durou 9 meses. Tive bastante sucesso, fiz algumas finais, ganhei título brasileiro, mas os sentimentos ainda eram os mesmos, então não durou muito tempo…”

Aposentado pela segunda vez. Mas não menos sonhador e determinado. Foi em busca de novos ares e novos mercados, para um futuro ainda desconhecido. Porém, a bagagem adquirida durante todos os anos (décadas) dedicados ao vôlei de praia, é levada para onde quer que o ex-jogador vá.

"Aprendi a ter muita disciplina, resiliência, dedicação, a não “quebrar”… Ainda mais num esporte como o meu, puramente físico e mental (não tão técnico). Tendo um físico não muito privilegiado, me levou a adquirir essas qualidades que trago comigo desde sempre.”

Pedro Cunha no programa do COB, ao lado de outros ex-atletas (Arquivo Pessoal)

Pouco menos de dois anos depois de sua segunda aposentadoria, Pedro Cunha já tem um currículo extenso. Fez faculdade de marketing, participou de um projeto de transição de carreira do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), virou empresário — abriu uma franquia de sorvetes em um shopping do Rio de Janeiro — e ainda participou da organização de dois mega eventos esportivos: o Rio 2016 e, mais recentemente, o Rio Open 2017.

Ufa! Haja fôlego… mas um ex-atleta tira de letra!

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