Se a imagem fosse um som

Letícia Porfírio
Escala Cinza
Published in
2 min readAug 23, 2022

Recentemente comecei a ler “Favor fechar os olhos: Em busca de um outro tempo” do Byung-chul Han e, naturalmente, surgiram diversos questionamentos sobre as imagem reproduzidas em mídias sociais. Poderia até voltar em uma discussão de reprodução de Walter Benjamin, mas nesse caso vou me ater apenas aos pensamentos do Han.

Depois de ler “As imagens digitais de hoje em dia são sem silêncio […]. As imagens inquietas não falam ou contam, mas sim fazem barulho.” (HAN, 2021, p. 15) o meu coração parou. De uma forma simples, conseguimos repensar a narrativa das imagens nas mídias sociais. Pela lógica da plataforma (e pelo próprio nome de stories), podemos achar que estamos narrando nossas vidas através de imagens fazendo pequenas postagens cotidianas. A ideia de que o stories é um pequeno recorte do nosso dia-a-dia — e também que pode ser relembrado através do arquivo — é simplesmente fantástica ao meu ver, mas pode ser falsa. Seguindo a linha de pensamento do autor estamos apenas gritando coisas sem sentido no meio de várias outras pessoas que estão fazendo exatamente a mesma coisa.

Esse barulho é tão alto e tão sem sentido que muitas vezes nos pegamos pulando stories alheios, pensando por apenas 1 segundo sobre o que tal pessoa estava fazendo (ou nem isso). É por isso que sentimos FOMO quando ficamos muito tempo sem acessar as redes digitais. Até sentimentos relacionados à produtividade ou à falta dela poderiam se encaixar nesse raciocínio.

Ou seja, no final do dia não contamos nenhuma história. Talvez fosse melhor ficar em silêncio.

--

--