Abrindo a caixa-preta #5 — “Histórias da noite”, de Rafik Schami

Escotilha NS
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5 min readMar 24, 2020
O livro “Histórias da noite”, a Revista ESC, o marcador temático e o tesouro, uma mini-tela.

Um ano de Escotilha e muitas histórias para contar. Parte das comemorações será relembrar as caixas-pretas enviadas aos assinantes do clube, com livros em edição especial e limitada, títulos escondidos, tesouros literários divertidíssimos e muito mais! Hoje, vamos falar da caixa-preta #5, enviada em dezembro de 2019.

O Natal costuma ser uma época mágica, que, em conjunto com o fim de ano, traz uma série de esperanças em relação a tudo o que pode ser diferente no ano que se inicia. Depois de um 2019 que não foi fácil — é melhor nem comentarmos 2020 por ora… —, cheio de surpresas, reviravoltas e tragédias (seja no sentido literal ou figurado), achamos que os assinantes da Escotilha NS também poderiam embarcar nesse merecido descanso de loucuras. Por isso, para marcar o momento, decidimos resgatar um autor esquecido e pouco lido no Brasil, mas que também foi o nosso primeiro autor contemporâneo. E não poderíamos estar mais orgulhosos dessa opção!

A Escotilha NS surgiu para levar o inesperado, o diferente, o diverso para leitores que querem ir além da zona de conforto e conhecer tudo que é primordial mas não está necessariamente “visível a olho nu”. Tendo isso em mente, o clube escalou o aclamado autor sírio-germânico Rafik Schami para a caixa de dezembro. Isso porque além de ser um dos maiores escritores da língua alemã na atualidade, Schami carrega em sua bagagem traços singulares, capazes de revestir algo sério e doloroso como as constantes trocas de poder na Síria de um tom mágico, fantasioso e belo. Por isso, não se engane com a fantasia que remonta às 1001 noites, a dose de realidade também está presente na obra para que enxerguemos além — sem, no entanto, deixar de imaginar, de sonhar, de ser otimista.

Portanto, nos pareceu um livro apropriado para a época de fim de ano recente. Não à toa, o The New York Times definiu a obra como “oportuna e atemporal ao mesmo tempo”, isso lá atrás, quando Histórias da noite chegou aos Estados Unidos. Assim, temos aqui o nosso primeiro livro de fantasia, o nosso primeiro autor contemporâneo e o nosso primeiro livro que, de fato, não tem como objetivo ser obscuro, tenebroso, dark. Sabemos que isso poderia decepcionar parte de nossos leitores, principalmente os fãs de terror, mas a ficção especulativa está aqui para nos fazer ir além, e Histórias da noite foi o nosso convite para isso.

“Histórias da noite”, um livro de Rafik Schami, com tradução de Petê Rissatti.

O livro — “Histórias da noite”

O ano é 1959, a cidade é a mais antiga do mundo — Damasco — e a história é uma viagem ao belo e ao fantástico.

Histórias da noite é um dos principais livros de Ra­fik Schami, conceituado autor sírio considerado um dos expoentes da literatura em língua alemã. Nesse romance, acompanharemos o cocheiro Salim, o mais famoso contador de histórias de Damasco. No entanto, ele se vê desolado quando, misteriosamente, perde a voz, o seu grande instrumento de trabalho. Tentando reverter um estranho feitiço, os sete e velhos amigos do cocheiro o presenteiam — e, por tabela, também o leitor — com histórias únicas e belamente imaginadas. Ou seriam vividas?

Em meio à mudança da política no Oriente Médio, essas histórias nos levarão aos arranha-céus com os quais já estamos acostumados, mas também aos bruxos e às princesas e, en­fim, às noites da Arábia. Com isso, Schami e seu fantástico poder de narrar convidam o leitor a sonhar e a imaginar, num jogo em que o real se embebeda do fantástico de maneira poética e singular.

A revista — Duas autoridades no assunto

Contar com uma pessoa como o professor Mamede Mustafa Jarouche para comentar o mundo literário árabe é um privilégio de poucos. Bacharel em Letras pela Universidade de São Paulo, doutor em Letras e livre-docente em Literatura Árabe pela mesma universidade, Mamede atua nos seguintes temas: orientalismo, narrativa árabe, cultura árabe, Oriente Médio e tradução do árabe; já traduziu obras como o Livro das mil e uma noites (Biblioteca Azul); e, na nossa revista, fez as relações necessárias entre o livro, o autor e o mundo.

Petê Rissatti trabalha com o texto desde 1998, seja como revisor, preparador ou tradutor. Presta serviços de tradução e leitura crítica de ficção e não ficção em inglês e alemão, tendo como clientes as maiores editoras do país. Ele traduziu, em 2013, o livro Histórias da noite, em sua edição original. Agora, retomou a obra com novos olhares e experiências para comentá-la na revista.

O tesouro— Um charme nos detalhes

O mundo árabe tem uma cultura riquíssima e nos pareceu evidente que o tesouro do mês deveria remeter a esse vasto poder árabe. A ideia era enviar um item decorativo com motivos arábicos, capaz de lembrar o leitor da vastidão e riqueza dessa cultura do ponto de vista artístico. Mandamos uma tela que pode ser emoldurada, utilizada como descansa-copo ou como a criatividade mandar…

A arte em si foi inspirada no projeto gráfico do livro, que tem como ponto de partida as noites da Arábia. Por isso as páginas da obra foram impressas em um azul arroxeado; cada um dos “presentes” dado ao cocheiro Salim é uma história, e elas são contadas em noites diferentes — por isso, os tons das páginas são diferentes conforme cada um desses presentes é recebido por ele.

Além disso, as diferentes ilustrações são unificadas pelas estrelas e luas, abordando traços marcantes dos amigos de Salim ou então de cada uma das histórias. O azul remete ao tom típico das noites árabes, frequentemente acompanhado dos brilhantes amarelos e dourados, obtidos a partir do reflexo das luzes em meio às paredes da velha Arábia. O padrão com estética árabe adorna os números de página, compostos em uma tipografia pensada especialmente para os caracteres arábicos.

E a tela tem um pouco disso tudo!

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