não sinceridade

Larissa Lopes
escrevome
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1 min readAug 9, 2019

Meu querido, obrigada pela não sinceridade. Consigo. Comigo. Gosto de tudo ter sido deixado subitamente às claras, explicado nas entrelinhas, os codinomes, as suposições… Apesar de estar sendo verdadeira, para mim, nunca bastou o meio termo, prefiro que seja tudo dito, desenhado se possível. Não sou boa entendedora, minhas qualidades são outras. Neste caso, tua falta de dizer, diferente do que sou, supriu minha necessidade em querer manter a nossa afeição mútua. Contraditoriamente, isso é suave na medida certa. Eu não te fiz proposta e não foi por falta de desejo. Em outras circunstâncias? Talvez. No meio do meu fervor, veio a razão; disto tenho orgulho. Não que racionalidade seja mais importante que paixão. Vou me esquecer dos teus olhares intensos com carinho, dos cabelos claros, conversas aos finais de tarde… Ok. Se há indecisão e se é por pouco, eu prefiro deter-te, deter-me. O que foi sentido, já sentimos, deixe para trás. Mas agradeço. Obrigada pela não sinceridade.

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