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Um poema narrativo.
.Esmo
Pensando bem agora, não faz sentido.
Antes também não fez, mas houve engano.
Engano forte, engano presente;
presente como os pelos que trago
no corpo.
Ele não tinha aval, muito menos orgulho.
Num dia qualquer,
desses que o estômago não embrulha,
desses que a cabeça não dói,
desses que o pé não cansa,
desses que a vontade é latente e
ainda consegue atingir crueldade.
Incompreendido,
transbordou as falhas;
correu como se não fosse atingir
um objetivo impossível e
constatou o que seu suor
gritava.
Era tarde quase noite
ou noite quase dia;
era a criação de um tempo.
Era outono quase inverno;
era frio como se tudo estivesse
parado.
Ele não pensava mais sobre
realidade e suas nuances;
ele buscava o fim.
O fim o aguardava como
se fosse impossível.
Ele se jogou num vão
mas não foi;
se perdeu em si e
esqueceu de seguir a
alma.
Queria alcançar a febre
natural e a coragem
parecia suficiente:
irremediável.
Consumiu a própria fome:
findou em fingimento.
Declarou infinita a
própria falta e ficou
devendo explicações
sobre quase qualquer
coisa.