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Um poema aleatório.

Flávio Porto
escrita
1 min readMay 29, 2020

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.Morte

Eu me lembro de quando a tristeza chegou.
Primeiro levou meus sonhos.
Depois levou minhas vontades.
Depois levou meu tempo.
Depois levou minha voz.

Não me levou por completo por pena.
Não me levou por completo.
Não me levou.
Deixou um corpo de vazio infinito.
Deixou um abrigo de funduras.
Deixou um vestígio em carne e osso.

Eu me lembro de quando eu era eu.
Antes de tudo.
Antes.
Eu me lembro.
E isso talvez seja a pior parte.

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