“E houve boatos que Agents of S.H.I.E.L.D. estava na pior”
Imagina só uma série focada na Divisão de Logística, Aplicação e Intervenção Estratégia Interna, tendo que lidar com os problemas que os Vingadores não podem ou não tem tempo de resolver, ainda mais estrelada por um dos personagens mais carismáticos da Marvel, Phil Coulson (Clark Gregg). Parece ótimo, não é?
Todos correram como loucos para assistir quando teve sua estreia em 2013. No começo, a série era uma grande promessa. O primeiro episódio dirigido por Joss Whedon teve uma premissa interessante envolvendo um dos núcleos que foi pouco explorado no universo cinematográfico (pelo menos na época) e agradou a maioria dos fãs.
Foi uma pena a empolgação com a nova série ter desaparecido tão rápido. Com a saída de Whedon logo no segundo episódio, deixando tudo nas mãos de seu irmão, Jed, a primeira metade da primeira temporada era bastante repetitiva, os arcos dos personagens eram nada interessantes –alguns NEM TINHAM um — e o maior problema de todos: dependia DEMAIS dos acontecimentos do UCM (Universo Cinematográfico da Marvel).
Foi só na segunda metade da primeira temporada que a série começou a dar uma andada. Com os eventos de Capitão América — Soldado Invernal, a S.H.I.E.L.D. estava ligada diretamente ao filme e os acontecimentos em ambos mudaram completamente o rumo que as pessoas achavam que a Marvel estava tomando, com a ascensão da HIDRA, uma reviravolta no elenco da série e finalmente a trama se arriscando um pouco.
Infelizmente, muita gente já tinha abandonado o programa até aí por culpa do começo da série que parecia cego em tiroteio. Demorou para que alguns voltassem a ficar ansiosos com AOS novamente, mas quando voltaram, perceberam a diferença.
Na segunda temporada, a série começou a seguir um rumo mais independente, sem as amarras dos filmes. Focou naquilo que deveria ser a proposta de Agents of S.H.I.E.L.D., uma agencia secreta de investigação. E que necessidade é essa de usar heróis dos filmes quando podemos usar os nossos?
A segunda trouxe o conceito de Inumanos ao programa, o que deu uma dimensão bem maior para alguns personagens, como Skye (Chloe Bennet), que evoluiu bastante e deixou de ser só uma hacker bonita para uma personagem preocupada com seu recém-descoberto poder. Com isso, novos nomes foram introduzidos na série ao longo do tempo e ganhando mesmo espaço, como Bobbi Morse (Adrianne Palicki) e Hunter (Nick Blood).
Cada arco de personagem estava melhor, o ritmo estava mais controlado, as motivações realmente te deixavam investido, qualquer um poderia morrer desta vez E MORRIA MESMO, trazendo uma sensação de perigo cada vez maior (na terceira temporada, isso é ainda mais evidente). Os efeitos são ok, este departamento ainda fica devendo na série, mas OLHA A AÇÃO, melhorou mais do que o dobro da hipotenusa (sou de humanas, foi mal).
A série continuou tendo suas ligações com os filmes, como ter duas vezes a atriz Jaimie Alexander como Sif, de Thor: O Mundo Sombrio, participando de episódios. E mesmo que desta vez o programa tenha tido mais liberdade e até sido responsável por uma grande parte do que acontece em Vingadores: A Era de Ultron (quem vocês acham que ajudou Tony a derrotar o Hulk e salvar os habitantes de Sokóvia?), ele ainda parecia uma extensão dos filmes — o que não é nada ruim, mas evita que a série mostre todo seu potencial.
Graças a Odin, temos a terceira temporada.
Depois da Disney decidir que Kevin Feige, o produtor responsável pelos filmes da Marvel, não responde mais ao presidente da Marvel, Isaac Perlmutter (é complicado e não vai dar tempo de explicar), Feige agora tem mais liberdade com o seu universo cinematográfico. Isso preocupou muita gente que queria saber como ficariam as séries, já que elas agora não são a responsabilidade de Feige.
Tudo poderia dar errado, mas foi exatamente o contrário. A série evoluiu muito mais. Já começou sua terceira temporada trazendo novos grupos, novos personagens, focando ainda mais nos Inumanos, finalmente se arriscando e esquecendo completamente os filmes. Esta nova temporada está brincando com portais que levam a outras dimensões enquanto a Guerra Civil ainda nem acontece. O mais interessante é que tudo isso está fazendo sentido e por mais surpreendente que seja, não parece forçado. Como diria o palhaço de outro universo cinematográfico, “tudo faz parte do plano”.
Os personagens também puderam evoluir bastante. O relacionamento de Fitz e Simmons, por exemplo, que era uma das partes mais sem graça da primeira temporada, agora é uma das que deixa os fãs mais ansiosos. Todos os acontecimentos da segunda fizeram com que os personagens se desenvolvessem melhor. Foi até bom a série se arrastar um pouco no começo, aproveitando este tempo para construir com paciência todo o seu universo próprio. É um sacrifício necessário perder alguns fãs, mas ganhar novos ao longo do caminho. Enquanto outras séries começaram com uma voadora derrubando as portas e hoje em dia estão completamente perdidas em enormes furos de roteiro, personagens que não evoluem e uma trama que está se tornando cada vez mais repetitiva e previsível (não mencionei nomes), deveriam aprender com Agents of S.H.I.E.L.D. que a pressa é inimiga da perfeição.
Para todos aqueles que deixaram de assistir e não deram uma chance para os episódios que vieram, só posso dizer que estão perdendo uma das melhores séries do gênero. Corre que ainda dá tempo de assistir, já que a MidSeason Finale nos deixou naquele cliffhanger maldito, mas com vários pontos da trama em aberto para serem explorados mais tarde.
E houveram boatos de que Agents of SHIELD estava na pior. Se isso é estar na pior… porrãn.
Ah, e se ainda não chegou na quarta temporada, tem Motoqueiro Fantasma.
E ele está EXCELENTE!