acordei sem lembrar direito onde estava, até que senti sua mão sobre meu peito e seu rosto afundado no meu cabelo. demorei pra abrir os olhos enquanto você dormia profundamente. mas já podia reconhecer que não havia nada certo ali.

eu nem estava falando sobre nossas roupas jogadas da ultima noite ou sobre aquele seu poster irritante na parede. era muito mais sobre algo que se eu tentasse te falar, você responderia com sua melhor cara de: você é maluca. e talvez eu seja. mas não há nada certo aqui.

pasma com a minha habilidade, que você adorava exaltar, de conseguir estragar até o que era perfeito, tentando controlar e falhando sucessivamente em ignorar o que a minha mente gritava e ela dizia: não há nada certo aqui. e eu tinha medo de ela te acordar.

certo, que não é passível de dúvida, seguro. a cada respiração sua no meu pescoço, eu colecionava um total de seis novas dúvidas pro meu arsenal de paranoias e a cada vez que você fazia com que eu me encaixasse nos seus braços eu sentia menos segurança em mim mesma por me sentir segura ali. você não entenderia.

mas é que tinha certeza que sua cabeça funcionava de modo diferente e não sabia se era meu dever aceita-la. não sabia se era seu dever me dar certezas. não que o sol não fosse raiar novamente, no mesmo horário, não que você fosse o ultimo abraço que eu sentiria. mas, tenta entender, queria que o sol raiasse todos os dias enquanto sentia tua mão sobre o meu peito e seu rosto afundado no meu cabelo. e não havia nada certo nisso.

porque não havia nada certo sobre você ou sobre mim. ou sobre o que queríamos. ou sobre o que esperávamos. o sol bater na sua janela em 24 horas era consequência do giro da terra e de uma serie de coisas físicas e comprovadas. mas sobre nós era tudo especulação. o sol ia nascer e morrer um milhão de vezes até que tivéssemos algo claro. e eu também. e era incrivelmente assustador como a cada segundo eu queria ficar mais ali e a cada instante tinha mais forças pra sair correndo porque no fundo sabia da possibilidade de nunca haver nada certo aqui.

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Escritores e Poetas Não Sabem de Nada
Escritores e Poetas Não Sabem de Nada | Coletivo Literário

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