Eduployment, realidade integrada entre educação e mercado de trabalho

Esentia Inteligência
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5 min readMay 12, 2021

Entenda mais sobre o conceito que vem promovendo novas e engajadas relações entre alunos e empresas

O que é?

Em resumo, eduployment significa identificar e escolher uma área comercial para atuação, obter uma educação específica e conseguir um emprego ou abrir uma empresa, a partir de caminhos integrados. A partir de tradução livre, esta ‘educação para empregabilidade’ é uma versão 4.0 do ensino técnico, que envolve pessoas praticando e ocupando comércios específicos, em vez de passar por centros tradicionais de educação.

Este novo caminho da educação surge como alternativa ao modelo formal de educação, além da redução de dívidas escolares e otimização de longos e abstratos caminhos para conquistar um diploma. Com a necessidade de investimentos cada vez maiores em escolas e universidades, as pessoas podem encontrar um comércio, ampliar conhecimentos específicos, participar de treinamentos para trabalhos imediatos e fixar o foco, de forma prática, estabelecendo uma cultura contemporânea, voltada à promoção de startups, pequenas e médias empresas.

Indicadores apontam para desafios e novas soluções

Esta tendência visa preencher lacunas de mercados que encontram dificuldades para preencher suas equipes, seja por razões técnicas, de qualificações ou na formação acadêmica. Algumas empresas, por exemplo, precisam contratar um volume considerável de programadores e profissionais de tecnologia com demandas específicas. Deste modo, vão precisar agregar o ensino técnico dentro delas. Se não fizerem isso, não conseguirão contratar profissionais que saem das universidades, uma vez que estes recém-graduados não possuem experiências, formação adequada e competências específicas para aquela determinada lacuna.

Os alunos saem da faculdade com conhecimentos teóricos, mas não sabem como se comportar no local de trabalho. Ou o que as empresas estejam procurando. Entre os estudantes recém-graduados, 65,71% relatam como a maior dificuldade para serem aprovados para uma vaga o fato de as empresas exigirem experiências que os candidatos não possuem.

Com estágio atual de desenvolvimento avançado nos EUA, tais empresas também ensinam soft skills, que são importantes para qualquer carreira, tanto para um cirurgião quanto para um pintor. Esse hábito de treinar em uma certa vocação, semelhante aos aprendizes gregos, valoriza dinâmicas como gerenciamento de tempo, conexões em rede, logística em equipe, pensamento criativo e foco na resolução de conflitos. A contribuição do eduployment é notória: desenvolvimento da economia, aumento nas condições socioeconômicas da população e evolução nas taxas de empregabilidade do país.

Especificamente para perceber a importância desta nova tendência para o cenário brasileiro, é necessário observarmos alguns dados do contexto educacional e profissional no Brasil:

  • 52% de estudantes que se formaram entre 2019 e 2020 não trabalham;
  • 27,85% estão desempregados há mais de um ano;
  • Entre os que conseguiram um emprego, apenas 20% atuam atualmente na área;
  • 14,87% dos recém-formados conseguiram vagas nas suas áreas de formação após três meses da formatura;
  • 2,82% de estudantes conseguem vagas de trainee;

Existem razões para estes números negativos? Acreditamos que fora o momento delicado do país em meio à pandemia, enxergamos um problema estrutural: uma educação que não prepara o aluno para o mercado de trabalho. Em nosso levantamento, descobrimos que a taxa de desemprego entre as pessoas de 18 a 24 anos ficou em 29,8% no último trimestre de 2020, mais que o dobro da taxa média nacional, de 13,9%. Além disso, 11,11% já desistiram de procurar empregos na sua área de atuação.

Como sempre, as dificuldades potencializam novas soluções e criam oportunidades para melhorar métodos e modelos de ensino-trabalho, aumentando o acesso escolar e permitindo ganhos à cadeia envolvida. A Empiricus, por exemplo, lançou um curso de Ciência de Dados com especialização em finanças. O Data Science Degree foi desenvolvido em parceria com a Let’s Code, startup de formação de programadores que levantou R$5 milhões em uma rodada liderada pela QMS Capital e a Cadonau. Os melhores alunos da turma serão chamados a participar de um processo seletivo exclusivo para integrar as equipes de cientistas de dados na Empiricus e na corretora Vitreo.

“A profissão de cientista de dados é uma das mais quentes do mercado hoje. Não há educação formal, como uma faculdade, para formar esses profissionais. Há cursos de Estatística, Matemática, mas não há algum que apresente as ferramentas utilizadas no mercado de trabalho.” Rodolfo Amstalden, sócio-fundador da Empiricus.

A aplicabilidade do eduployment contribui com uma aprendizagem mais eficiente, permitindo metodologias mais adequadas ao aluno e soluções práticas voltadas ao mercado de atuação. Além disso, atende uma demanda por treinamento que uma sala de aula não pode responder de modo efetivo, viabilizando novas tecnologias voltadas à aprendizagem e inovação dos futuros profissionais.

Exemplos da nova tendência (todos nos EUA)

Nana — Empresa que ensina as pessoas para reparos de eletrodomésticos e utilitários, e então os monta com empregos em comunidades através de fabricantes locais. No final de 2020, a empresa recebeu investimentos da ordem de US$6 milhões, chegando a mais de US$10 milhões já arrecadados.

Emsi — Empresa de dados do mercado de trabalho norte-americano, sem fins lucrativos, que constrói ferramentas e pesquisas de entendimento sobre as necessidades de emprego, economia e treinamento regionais.

TechHire — Criada pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, o programa é um esforço multisetorial voltado à capacitar de jovens com habilidades específicas do mercado, não apenas através de universidades e faculdades comunitárias, mas também a partir de abordagens não tradicionais como “bootcamps de codificação” e cursos on-line.

Capital OneEmpresa do mercado financeiro que criou uma academia de desenvolvedores para demandas específicas do mercado. O programa dura entre seis meses a um ano, os alunos são pagos e desenvolvem habilidades de aprendizagem, gestão de projetos e processos de negócios, por exemplo.

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