“Não leia os comentários!”

Esentia Inteligência
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4 min readJan 18, 2022

Será que este conselho para o ambiente digital ainda é válido?

Todos nós ainda estamos conhecendo os caminhos de uma cultura verdadeiramente digital, não é mesmo?!. Claro que já avançamos enormemente nas soluções virtuais e tecnologias disponíveis, principalmente de aplicações, com o uso real dos dispositivos em nossas vidas. Mas por outro lado, ainda temos muito o que descobrir e aprender com a infinita potência nas relações digitais, que se transformam e acabam sendo transformadas a cada momento.

É incrível como gastamos o nosso tempo escrevendo, lendo, compartilhando e interagindo nas mais diversas plataformas de interações sociais. Neste fluxo, o nosso cotidiano segue sendo registrado digitalmente quando compartilhamos fotos com geolocalização, check-in em locais, curtimos postagens que gostamos ou expressamos os nossos sentimentos e desejos. Ou seja, é um volume gigante de conversas humanas, que a partir de um olhar mais apurado explicita hábitos, tendências e comportamentos sociais de nossas sociedades.

Mesmo assim, quem nunca escutou o seguinte conselho: “não leia os comentários, ali não tem nada que presta”. Do lado de cá, nos perguntamos: será que este conselho ainda é válido nos dias de hoje? Veja bem, se você é uma pessoa física, com perfil próprio e história privada sendo exposta em sua timeline, os comentários na sua conta podem estimular conversas reais, trazendo perguntas autênticas, opiniões concretas, argumentações de ideias ou manifestações de desagravo ou apoio. Isso para falar o mínimo das interações que podem acontecer.

E na medida que o espaço digital foi sendo ocupado por instituições, comunidades e principalmente pela geografia corporativa, as coisas que dizíamos “em família” e “entre amigos” foram se misturando com os nossos modos de dizer profissional, político e virtualmente público. Hoje, por exemplo, os nanoinfluenciadores (até 10 mil seguidores) e microinfluenciadores (até 50 mil seguidores) possuem uma relação próxima com seus seguidores e abordam assuntos de nichos específicos, apresentando um engajamento maior se comparado aos grandes influenciadores. Observar estas conversas é fundamental para entender cenários e acrescentar uma dinâmica preditiva às interações.

Em nossos estudos, sempre trazemos um viés analítico que busca entender estes discursos e comportamentos. Gostamos de compreender como as pessoas se relacionam, quais são as suas motivações, qual o papel que exercem no ambiente digital, entre outros aspectos comportamentais. Também buscamos entender o modo como estes influenciadores citados acima se tornaram canais poderosos de conversão, uma vez que suas recomendações são pautadas na base da credibilidade e da confiança. A partir de nossas pesquisas de dados e informações, observamos que este olhar de análise interacional, que nós propomos na Esentia, possibilita a percepção da qualidade de conversa entre os públicos, já que nem sempre número de seguidores, likes e compartilhamentos são indicadores principais de sucesso.

Agora, imagine a riqueza de informações quando analisamos estas interações em conjunto com outros ambientes digitais, tais como imprensa, órgãos públicos, associações, entidades, fóruns, serviços de atendimento ao consumidor. Sempre que juntamos todos estes ingredientes nos projetos contínuos de inteligência, conseguimos extrair o que de fato está sendo manifestado em um determinado contexto. Deste modo, conseguimos entender os sentimentos das pessoas e orientar estrategicamente nossos clientes sobre um determinado tema, posicionamento, dor ou questão.

Recentemente, apresentamos um estudo que buscava entender a fundo um determinado cenário de atuação. No briefing inicial com o cliente, foi descrito que os consumidores da marca tinham comportamentos e hábitos que divergiam dos interesses desejados pelo cliente no relacionamento. Ao investigarmos as interações existentes para entender como eram construídos tais relacionamentos foi possível saber quais eram as motivações e dores das pessoas. Com o auxílio de uma pesquisa quantitativa, análise dos dados e estudo dos contextos em que as conversas aconteciam, as estratégias de conversação do cliente foram reajustadas, tornando-se mais eficientes e inteligentes no trato com o público.

E pessoal, não é preciso dizer que frente ao volume de dados compartilhados no ambiente digital, a importância desta análise humana de dados é fundamental para a tomada de decisões estratégicas. Do debate em torno de determinado assunto, ao comentário negativo sobre uma marca, ao relato positivo, à interações em vídeo ou áudio, enfim, todas estas manifestações entre as pessoas resultam em informações valiosas para as empresas.

Mas fica a dica: mesmo que as empresas tenham à sua disposição, atualmente, inúmeras maneiras de medir cada ação realizada, de nada adianta coletar esses dados, acumular informações e números, sem estabelecer alguns critérios que façam deles algo útil para os resultados dos negócios. Aqui na Esentia acreditamos sempre no potencial multidisciplinar de nossas equipes e profissionais, que utilizam ferramentas tecnológicas de ponta, mas não abrem mão da sensibilidade humana para uma inteligência analítica de dados confiável, assertiva e contextualizada.

Acreditamos que neste ano, no qual a temperatura política da rede tende a esquentar por causa das eleições, seja necessário estar preparados para o monitoramento contínuo dos ambientes digitais e, claro, sempre realizar a leitura de todos os comentários, para irmos muito além de apenas gráficos e tabelas. Dentro desse cenário, a informação é cada vez mais segmentada, de acordo com as posições, o gosto, os valores e o estilo de vida do público ao qual se dirige. Mas de forma inteligente, acima de tudo.

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Informação em conhecimento, dados em inteligência, entendimento humano em vantagem competitiva e inovação.