Lições do design aplicadas ao dia a dia

Liandra Vianna
Espaço Marte
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5 min readSep 28, 2020
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De acordo com Tim Brown, o “Design Thinking é uma abordagem antropocêntrica para inovação, que usa ferramentas dos designers para integrar as necessidades das pessoas, às possibilidades da tecnologia e os requisitos para o sucesso dos negócios.” Em palavras mais simples, é uma forma empática e centrada no ser humano de gerar inovação em produtos, serviços, processos, políticas públicas e em diversos outros segmentos, bem como solucionar problemas complexos, por meio de pesquisa, experimentação, co-criação, prototipagem e iteração.

Quando conheci o design thinking, foi amor à primeira vista. Aquela nova maneira de abordar problemas, recursos, soluções, experimentação e pesquisa, que poderia ser utilizada não só como ferramentas de trabalho, mas também ser aplicada à vida das pessoas, me fascinou tanto, que decidi que era com isso que gostaria de trabalhar e iniciei meu processo de mudança de carreira. Comecei a pesquisar, fazer cursos online e presenciais, ler livros, assistir palestras e vídeos, conversar com profissionais do ramo e em breve iniciarei um mestrado na área.

Enquanto estudava mais sobre o assunto, identifiquei várias comparações dos princípios e ferramentas do design, que podem ser transportadas e aplicadas em nossas vidas, de modo a nos fazer repensar e reprogramar certos pensamentos e atitudes que temos com os outros e conosco. São elas:

Exploração: quem somos? O que queremos? Como queremos?

Uma das etapas iniciais de todo projeto de design é a exploração. Nela busca-se identificar as necessidades, dores, preferências e comportamento da pessoa, para a qual estamos projetando. Entretanto, o que também sabemos é que quase sempre, nem a própria pessoa tem consciência do que quer exatamente ou as vezes, não sabe explicar qual a verdadeira causa de seus problemas. Logo, é necessário fazer uma pesquisa de campo para observar na prática quais são os hábitos, como aquela pessoa toma decisões, qual a relação dela com o produto ou serviço. E isso muitas vezes é melhor definido não pelo que ela diz, mas pelo que faz.

Fazendo um paralelo com a nossa vida, muitas vezes confundimos o que queremos de verdade com o que outras pessoas querem para nós, com o que a sociedade dita que devemos ser, ter ou como temos que nos comportar. Quanto do que almejamos para nossas vidas vêm de nós e quanto vêm de influências externas? Por isso, o processo de exploração e investigação do nosso eu é tão importante. Autoconhecimento nos leva a tomar decisões e a ter atitudes mais fidedignas à nossa verdade, aos nossos valores e ao que faz sentido pra gente.

Para mim o caminho do autoconhecimento foi a terapia, mas existem diversas maneiras de olhar pra dentro e se descobrir, como a meditação, o mapa astral, programas de imersões, sessões de coaching, estudar e ler sobre o assunto em suas mais variadas vertentes e aspectos, dentre outros. Seja qual for o caminho que você vai seguir, tenha em mente que será um processo diário de constante de descoberta e experimentação, que não tem fim.

Prototipar: rascunhar um plano de ação

No design, a fase de prototipar soluções pode ser definida como criar um rascunho do que a solução final será. É uma versão simples do produto final, rudimentar o suficiente para utilizar poucos recursos financeiros e de tempo, e que nos permita testar rapidamente o conceito que foi desenvolvido após a etapa de pesquisa e geração de ideias. Normalmente, o protótipo é cheio de falhas e é esperado que melhorias tenham que ser feitas, antes de ser reproduzido em larga escala ou implantado definitivamente.

Desde muito jovens temos uma noção do que queremos ser, de onde queremos chegar, de como faremos para chegar lá, mas muitas vezes a vida não está nem aí para os nossos planos e insere situações, pessoas e problemas inesperados que fazem você repensar e reagir de maneiras muito diferentes do planejado. É claro que temos que ter metas e traçar um plano para alcançá-las, mas não podemos deixar que esse plano nos aprisione. O planejamento é feito para nos orientar, não para nos cegar frente às mudanças e oportunidades que aparecem no caminho. Tudo bem mudar de direção, de opinião, de perspectiva e recalcular a rota.

Iteração: testar para ver o que dá certo

A fase de iteração consiste em testar o protótipo em um grupo reduzido de pessoas para observar como elas interagem com ele, identificar melhorias, falhas e oportunidades de aprimoramento. Na vida, só saberemos se algo vai dar certo ou não se testarmos, se colocarmos a mão na massa e se nos movimentarmos na direção daquilo que queremos. O medo e a insegurança podem nos paralisar, porque julgamos que aquele protótipo ainda não está bom o suficiente. Mas assim como em nossas profissões — onde só descobrimos se somos bons ou não, quando começamos a exercê-la — muitos outros aspectos da vida também precisam ser aprendidos ou aperfeiçoados conforme fazemos e não somente por observação ou permanecendo na teoria.

Não existe erro, existe aprendizado

Esse foi o conceito que mais mudou mina vida. Como boa virginiana que sou, tenho um talento nato para me martirizar pelos erros cometidos no passado e ficar remoendo o porquê eu fiz aquilo? E se eu tivesse feito de outra forma? Como seria meu presente se eu não tivesse cometido aquela falha? Ou seja, pensamentos que paralisam, destrutivos e desmotivadores.

Mas, dentro do Design Thinking, errar é esperado, aceito e valorizado, porque se não errarmos, não podemos aprender. Quando percebemos que algo não deu certo ou que o plano não teve os resultados esperados, descobrimos como não fazer da próxima vez e a tentativa seguinte será melhor elaborada, não se baseará nas mesmas crenças errôneas e terá resultados mais positivos, possibilitando assim, o aprendizado.

Um outro conceito importante ligado aos erros e aprendizados é o “fail fast, fail better”, ou seja, “erre rápido, erre melhor”. Podemos interpretá-lo da seguinte forma: se o aprendizado vem por meio dos erros, se errarmos mais vezes em um curto período de tempo, vamos aprender mais rápido como fazer certo. Por isso, façamos quantas pequenas tentativas forem necessárias, sempre tirando lições de cada uma delas, para que o resultado desejado seja alcançado mais velozmente.

Ao abordar erros e falhas com essa perspectiva, começamos a pensar neles como motivadores para fazer algo diferente e não como motivos para estagnar. E isso é libertador.

Espero que assim como eu, você também possa olhar de maneira diferente para essas e outras questões daqui pra frente, e que esses questionamentos possam te proporcionar uma vida mais leve e fluída, com menos frustrações e mais aprendizado.

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Liandra Vianna
Espaço Marte

Service Designer, passionate about learning languages and solving problems. Sharing experiences & lessons learned.