Depressão é a doença que mais afeta os jovens do século XXI

EdissaWaldow
Especializado News
Published in
3 min readJun 22, 2015

O aumento do diagnóstico desta doença na etapa anterior à vida adulta demonstra o pouco cuidado que se tem em relação ao estado emocional da juventude.

A Depressão pode interferir significativamente na vida diária, nas relações sociais e no bem-estar do adolescente.

De acordo com um relatório divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em maio de 2014, a depressão é o principal problema de saúde entre os adolescentes. Esse fator é diretamente relacionado ao suicídio, uma das três maiores causas de morte na faixa etária de 10 a 19 anos. Segundo a Associação Brasileira de Psicanálise, este distúrbio emocional atinge cerca de 10% dos adolescentes e 2% a 5% das crianças brasileiras, afetando diversas áreas de suas vidas.

O estresse crônico é um dos transtornos psiquiátricos mais comuns e faz com que a pessoa tenha dificuldade de relacionamento. Também interfere na habilidade para estudar e em hábitos simples, como comer e dormir, podendo provocar anorexia e insônia. Conforme o Ministério da Saúde, os sintomas devem trazer sofrimento significativo, alterar a vida social, afetiva ou laboral do indivíduo e não ser a causa de um luto recente. É comum um jovem depressivo sentir-se triste durante a maior parte do dia, como, também, perder o prazer ou o interesse em atividades rotineiras, ter irritabilidade, desesperança, dificuldade de concentração, entre outros fatores.

A assessora do Departamento Pedagógico da Secretaria Estadual da Educação (Seduc), Lúcia Guazzelli, alertou para importância de tratar sobre estas dificuldades emocionais no âmbito escolar. “Essas disfunções psicológicas que os estudantes apresentam, dificultam e, às vezes, até impedem que hajam progressos na aprendizagem. É preciso que as escolas estejam atentas quanto a detecção e encaminhamento de situações problemáticas”, comenta a professora. Segundo ela, anos atrás já existiam pessoas que previram a depressão como o mal do século e, atualmente, os números vem aumentando. De acordo com a OMS, a depressão é considerada a quinta maior questão de saúde pública. E, até 2030, os estudos indicam que seja a principal causa de incapacidade em todo o mundo.

Os dados divulgados pela OMS ainda mostram que o Brasil é o quarto país latino-americano com o maior crescimento no número de suicídios entre 2000 e 2012 e o oitavo do mundo em números absolutos. Foram 11.821 suicídios no período, aumento de 10% em relação à década anterior. Para a psicóloga Vânia Franke, o ritmo de nossa sociedade deixa pouco tempo para o convívio e afeto de pais com seus filhos. “Vemos que, na maioria das famílias, as crianças e jovens vão cedo para a escola e pouco convivem com seus pais, que também têm uma longa rotina de trabalho. Aí está uma das raízes do aumento dessas perturbações.”, explica.

É possível enxergar essa realidade dentro das escolas, seja particular ou estadual. No Colégio Marista Assunção, em Porto Alegre, cerca de 15% dos alunos de ensino fundamental apresentam quadros psicológicos alterados. Já na Escola Estadual Plácido Castro, seis em cada dez alunos apresentam problemas emocionais. “Quando percebemos que algum aluno está em crise, tentamos realizar uma conversa calma, buscando trazê-lo para a realidade. Muitos são carentes de afeto.”, comenta a diretora da escola estadual, Iara Strack.

As instituições educacionais dispõem do Serviço de Orientação Educacional, que atua diretamente com os pais, professores e alunos que apresentam dificuldades nas áreas afetiva, cognitiva e social. Assim, realizam encaminhamentos necessários juntamente aos órgãos governamentais disponíveis no âmbito Municipal, Estadual ou Federal, a depender da situação específica, na busca de alternativas para minimizar dificuldades pedagógicas, investigando as implicações da defasagem de aprendizagem.

Nos casos que apresentam esse tipo de conflito emocional na infância ou adolescência e não adquirem um diagnóstico, a probabilidade de ter o segundo em dois anos é de 40%, e de 72% em 5 anos. Especialistas afirmam que é preciso prestar atenção a qualquer sinal que a criança ou o adolescente demonstre de sinais tristeza prolongada, mudança brusca de comportamento e intolerância. Os tipos de tratamento são diversificados, podendo ser uma alteração de estilo de vida, psicoterapia ou a utilização de medicamentos, estes indicados pela clinica responsável pelo acompanhamento do caso.

Texto: Edissa Waldow

--

--