Situação precária de lixão em São Borja

Rafael Marantes
Especializado News
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3 min readJun 22, 2015

Cidade da fronteira oeste do Estado sofre com os danos da falta de tratamento com os dejetos da população

A cidade de São Borja tem enfrentado, nas últimas duas gestões, um grande problema de saneamento e tratamento dos dejetos da população. O lixão, espaço que seriao destino dos resíduos, hoje, se encontra em situação precária e sem adequação para o uso.

Enormes “salsichas” que, em tese, armazenariam todo o lixo do município, se encontram hoje rasgadas, espalhando todo tipo de material e chorume pelo terreno.

O projeto surgiu na administração do prefeito Mariovane Weiss, como plano inovador para o tratamento de resíduos. O depósito de lixo se encontra entre o bairro Passo e o cemitério da cidade, ambos os à uma distância pequena do Rio Uruguai. Todo coberto por vegetação, o espaço traz a impressão de se tratar de algum tipo de reflorestamento, mas sob a mata está o verdadeiro lixão da cidade, com 350 anos de acúmulo de material sem nenhum tipo de tratamento. Segundo Jorge Santos, presidente da nova cooperativa de coleta de lixo, é impressionante a quantidade de produtos nunca usados que vão parar no depósito.

“Roupas com etiquetas e sapatos nunca usados que vão para o lixo se misturar o resto”, comenta Jorge que usa roupas encontradas em uma de suas procuras no lixão.

Atualmente, é possível ver três cenários sobre o local: um espaço onde há descarga do lixo coletado pela empresa “Eco Verde”, o qual depois de depositado é armazenado em contêineres e encaminhado a Capão do Leão para o aterro sanitário. Este espaço é cercado e não é possível realizar a triagem e reciclagem de materiais pelos/as catadores; um local onde estão depositadas as “salsichas”, ou seja, o lixo ensacado em embalagens plásticas de cor amarela, sem nenhum tipo de seleção. Ali se encontram resíduos de naturezas diversas: alimentos; animais; móveis; aparelhos elétricos; pilhas; baterias; lixo hospitalar, etc.

Todo o material embalado está contaminado e está em adiantado estado de decomposição, o que traz sérios riscos à saúde dos trabalhadores desse espaço, bem como, à população, através da contaminação da terra, da água, dos alimentos (cultivos domésticos) e de animais que se alimentam desses resíduos.

De acordo com o Secretario do Meio Ambiente do município, Élcio dos Santos Carvalho, em reunião com representantes do projeto de Extensão da Universidade Federal do Pampa e da Cooperativa Unidos Venceremos, a proposta é de “que o município implante as ações previstas na Política Nacional de Resíduos Sólidos, onde está a Gestão Integrada de Resíduos Sólidos.

Assim, a empresa licitada fará a coleta dos materiais. Esses materiais serão levados a ‘Usina de Reciclagem’ “. A professora Loiva de Oliveira, relata que até o momento nada está concreto e acrescenta. “A COOPUV está pleiteando o espaço junto à Prefeitura. Também está no aguardo de maquinário como carrinhos, prensas e balanças, já liberado pelo Governo Federal e, atualmente, dependendo de encaminhamento do Governo do Estado do RS, para iniciar os trabalhos, enquanto não se efetiva o processo licitatório”.

Se o Ministério Público Estadual exige o fim da presença de catadores de resíduos no lixão e do depósito irregular, o governo estadual não fornece verba para a destinação de materiais.

O conselheiro municipal de São Borja, Hamilton de Lima e Souza, define a relação da prefeitura e Estado como “complexa”. “O governo federal tem verbas para aplicar na destinação adequada, mas, depende dos projetos que são apresentados para tomar providências. Ainda não há um projeto exequível para a eliminação do lixão”, comenta Hamilton. O impacto atinge o ar, a terra e a água. A região apresenta várias propriedades de plantio de arroz, que são irrigadas por açudes e em alguns trechos pelo próprio Rio Uruguai, ambos contaminados com resíduos do lixo depositado no lixão, bem como, com produtos químicos utilizados no plantio desses cultivos.

Texto e foto: Pedro Silva

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Rafael Marantes
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