O papel da educação ambiental na preservação da água

Jéssica Moraes
Especializado News
Published in
4 min readJun 19, 2015

A cidade de São Leopoldo aliou educação com preservação, visando o bom aproveitamento da água e a manutenção de arroios que compõe o município

Rio dos Sinos. Foto: Lucas Redecker

A bacia hidrográfica do Rio dos Sinos é uma das principais do Rio Grande do Sul. O Comitesinos foi o primeiro comitê de gerenciamento de bacia hidrográfica criado no Brasil, cumprindo a Lei Federal nº 9.433/97. Entre os 32 municípios que fazem parte da bacia do Rio dos Sinos está a cidade de São Leopoldo, na região metropolitana de Porto Alegre. O município é divido em sub-bacias, que são formadas por oito arroios. A cidade tem buscado aliar educação ambiental com mudança de hábitos para repensar o quadro de muitas famílias e da qualidade da água. Em março de 2011, São Leopoldo criou o Centro Permanente de Educação Ambiental (CEPEA). A ideia é mostrar as diferentes visões da educação ambiental, tanto de aspectos sociais, culturais, econômicos e ecológicos.

Para o Secretário do Meio Ambiente de São Leopoldo, Gilmar Grub a educação de um povo é o princípio básico da sobrevivência sustentável e harmoniosa com o Meio Ambiente. Ele relata que “Considerando que o Brasil ainda está iniciando a sua gestão ambiental, no que tange a seus recursos naturais, a educação ambiental é fundamental para que as novas gerações tenham mais responsabilidade e consciência da importância da convivência harmoniosa com o ambiente em que vivemos”.

Segundo o Plano de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos: A área da Bacia é de 3.696 Km², o que corresponde aproximadamente a 4,4% da área da Região Hidrográfica do Guaíba e a 1,3% da área do Estado do Rio Grande do Sul. Toda bacia hidrográfica tem função ecológica, social e econômica. O Rio dos Sinos percorre um trecho de aproximadamente 150 quilômetros, desde a nascente até a foz, em Canoas, onde se junta ao Delta do Jacuí. “Neste percurso, a bacia atinge mais de 30 municípios. Para São Leopoldo, ela tem uma função ecológica na formação dos lamaçais e banhados, mantendo assim a sua flora e fauna. Na questão social e econômica ela é nossa fonte de captação da água para abastecer uma população de mais de 200 mil habitantes e mais de mil empresas”, afirma o Secretário.

Ao longo dos anos, muitos arroios que compõem as sub-bacias foram invadidos para construção de moradias irregulares. As famílias que ocuparam a região são pobres e vivem numa situação precária e de risco. Segundo o Ministério da Saúde, quem tem contato com água contaminada pode ser afetado por diversas doenças, entre elas: amebíase, cólera, giardíase e leptospirose. Além disso, a presença do homem nessa região destruiu matas ciliares das margens dos arroios. Segundo a Diretora do Licenciamento Ambiental de São Leopoldo, a bióloga Maria do Carmo Rodrigues Moraes, a supressão da mata ciliar deixa o curso da água desprotegido, podendo causar erosões. “Essa ação modifica o microclima, altera a temperatura local, o que contribuiu para o aquecimento do Planeta”, enfatiza.

Arroio Kruse (2011) Fonte Maria do Carmo Rodrigues Moraes

Hoje, quase todas as famílias que viviam em situação de risco foram reassentadas, o que possibilitou o projeto de revitalização de diversos arroios, como o Kruse, de acordo com a Prefeitura Municipal de São Leopoldo. Elenor Costa, 57 anos, morava às margens do arroio e afirma que está melhor acomodado. “Aqui, onde estamos agora, melhorou muito a qualidade de vida, principalmente no inverno”. O senhor se refere à distância que tomou do Rio do Sinos, que por vezes invadia sua casa.

Arroio Kruse hoje. Há poucas residências nas margens. A maior parte já foi removida. Foto: Jéssica Moraes

“No projeto de revitalização está previsto o plantio de mudas de árvores para recompor a vegetação da área de preservação ambiental que foi suprimida”, salienta Maria do Carmo. Já o saneamento básico é outro ponto crucial para preservação da água e do meio ambiente. Não há como solucionar em curto prazo (4 anos) a falta de tratamento nas bacias. A engenheira ambiental da Secretaria Municipal do Meio Ambiente de São Leopoldo (SEMMAM) Eliane Ocanha, afirma que “Para tanto seria necessário a efetivação dos Planos Municipais de Saneamento Básico, visando à universalização e ampliação progressiva do acesso de todos os domicílios ao saneamento básico, o que requer elevados investimentos”. De acordo com a engenheira, medidas em curto prazo, como por exemplo o Sistema Individual de Tratamento de Esgoto (fossa-filtro) são meramente paliativos, visto que a manutenção é precária e em muitos casos inexistentes. Além disso, a fiscalização governamental é ineficiente, devido ao reduzido número de fiscais nas prefeituras.

Texto: Jéssica Moraes

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