Eu sei o que vocês fizeram na encarnação passada

Ou seja, ferrou

Espírita Recreativo
Espiritismo Recreativo
3 min readOct 5, 2016

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Esse bem que podia ser o título do 4º filme da franquia

Todas as religiões e doutrinas que sustentam a existência da reencarnação também sustentam a realidade do esquecimento do passado. Qualquer pessoa que tem o mínimo de conhecimento sobre o espiritismo sabe que nós encarnados não lembramos das nossas vidas anteriores.

Entretanto, essas lembranças não são apagadas. Elas continuam registradas no nosso perispírito, como se fosse a caixa preta do avião. Dependendo da situação, nós podemos lembrar de algo das nossas vidas anteriores através de um sonho ou intuição, mas nada concreto a ponto de sabermos quem fomos ou quando vivemos. E isso já deve ter acontecido contigo. A gente pode citar, por exemplo:

  1. Quando tu gosta ou não gosta de alguém logo de cara, provavelmente é lembrança de uma vida anterior onde tu teve uma relação forte (boa ou ruim) com a pessoa em questão;
  2. Os talentos natos, principalmente entre aqueles muito jovens, porque eu duvido muito que o Beethoven tenha reencarnado e dito que não gosta de música clássica; e
  3. As fobias aparentemente inexplicáveis, pois alguém que morreu num acidente de carro talvez conserve em si o medo de dirigir e eu mesmo, por exemplo, que tenho pavor de tubarão mesmo que, pelo que lembro, o mais perto que cheguei de um foi no filme do Steven Spielberg.
Quem me garante que isso não aconteceu?

Mas e quando a gente desencarna, será que voltamos a lembrar de todas as nossas encarnações? A questão 308 do Livro dos Espíritos trata essa questão. Os Espíritos dizem que, enquanto Espíritos desencarnados, o nosso passado vai se desenrolando diante nós, como algo surgindo no nevoeiro, mas só em razão da influência que têm sobre nosso estado presente. Ou seja, só lembramos do nosso passado se é realmente importante. As nossas primeiras existências, consideradas a infância do espírito, por isso, se perdem na memória.

No livro A 5ª Terra, do Espírito Domingas, psicografado por Carlos A. Bacceli, em umas das várias reuniões espirituais descritas, o Espírito Odilon cita que a grande maioria dos Espíritos que desencarnam não se lembra mais do que a vida material que acabou de deixar, inclusive o próprio Odilon e seus companheiros de debate.

Logo em seguida, eles falam que gostariam de esquecer até mesmo da vida material mais recente, por causa dos erros que os envergonham. No livro Nosso Lar, de André Luiz, psicografado por Chico Xavier, conta-se a história de Laura e seu esposo Ricardo, que foram submetidos a experiências de regressão e começaram a ter acesso a suas vidas anteriores. Esse processo é provocado e, assim, conseguimos lembrar de fatos que não necessariamente são úteis ou bons. De fato, Laura e Ricardo ficaram tão assustados com suas lembranças que decidiram não continuar com o processo.

Eu mesmo já passei por processos de regressão e no começo eu ficava ansioso com o que iria ver; queria conhecer mais de mim e saber o que tinha feito. O Espírito Inácio, outro presente na reunião citada em A 5ª Terra diz que não compreende por que tantos têm interesse em vasculhar o próprio passado. O Espírito Odilon, sabiamente, diz que nós temos a esperança de nos descobrir melhores do que somos. No meu caso, a terapia de regressão foi interrompida por uns dos Espíritos superiores dirigentes do centro espírita que frequento; e hoje eu sou grato.

O nosso passado, não só enquanto encarnados, pode nos atrapalhar em nossa evolução. Os nossos erros iriam nos assombrar pela eternidade e a culpa e a vergonha nos impediriam de tomar iniciativas para nosso progresso moral. Com o tempo, nós vamos nos recordar de nossas vidas anteriores quando soubermos tirar proveito disso. Deus sabe o que tá fazendo, confia nele.

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