O Espiritismo e o Diabo

Espírita Recreativo
Espiritismo Recreativo
4 min readNov 24, 2016

Quando eu era criança, achava que iria pro inferno. Por causa disso, tinha pavor do Diabo e tudo que fizesse referência a ele. Com o tempo, porém, isso foi passando e quando eu me introduzi no Espiritismo, fiquei sabendo de algo que me aliviou muito: o Diabo e o inferno não existem. À medida que fui estudando mais, percebi o quanto acreditar na existência dele era um equívoco.

Not today, Satan

Acreditar na existência do Diabo é acreditar que Deus criou seres predispostos ao mal, o que não é verdade. Se, hipoteticamente falando, Deus criou o anjo Lúcifer, que posteriormente viria a cair, ele não mediria esforços para ajudar o próprio filho (e consequentemente nosso irmão), porque a gente sabe que a misericórdia dele é eterna.

Acreditar na existência do inferno e no castigo eterno é não acreditar na bondade de Deus para conosco. Se Deus, que é tão bom, não perdoa, como nós então perdoaríamos? Ele não nos enviou Jesus com suas lições sobre amor e perdão à toa.

Quem é, então, o Diabo?

Mesmo o papo sendo manjado, vale lembrar que a Bíblia foi escrita há muito tempo e certas coisas perderam o significado através de várias traduções. Termos como “demônio” e “satanás” representavam Espíritos inferiores que vinham perturbar e tentar Jesus. Afinal, ele não era médium e os podia ver, escutar e falar com eles?

Quem leu a Bíblia sabe que Lúcifer liderou uma revolta contra Deus junto a um terço dos anjos, que ele conseguiu convencer a se juntar a ele. Isso tudo porque Deus ordenou que eles louvassem sua nova criação (o homem) e o capeta não quis. Quem liderou o lado do bem foi o Arcanjo Miguel, que, enquanto acabava com a raça do capiroto, perguntou a ele: “Quem é como Deus?”. Pois, como sabemos, o anjo mais gato do paraíso se achava igual a Deus a ponto de acreditar que poderia governar o universo no lugar dele. Ou seja, o pecado de Lúcifer foi o orgulho.

A história do anjo bonitão que foi transformado num bicho vermelho de rabo e chifres também foi usada como alegoria para representar o orgulho, que, segundo o Espiritismo, é o pai de todos os vícios.

Miguel vs. Lúcifer

Onde está o inferno?

O inferno, por sua vez, não diz respeito ao lar subterrâneo do Diabo. (Isso são os metrôs de São Paulo em horário de pico.) Não existe no universo um único lugar criado por Deus para castigar aqueles que não tiveram uma boa conduta enquanto vivos.

O fogo do inferno representa a nossa consciência. Quando não a escutamos, ela vira nosso castigo. Quando enfim nos arrependemos dos nossos erros, sentimos o remorso, tão ruim quanto o inferno bíblico; ou talvez até pior.

E os anjos?

Até os anjos são uma alegoria: eles representam os Espíritos iluminados. Deus, porém, não os criou com asas brancas e os separou entre querubins e arcanjos no paraíso. Eles são Espíritos que viveram inúmeras encarnações e alcançaram sua condição iluminada por mérito, que atuam na obra divina e divulgam a lei do amor. E eles não “caem”, não se desvirtuam ou se põem contra Deus. Um Espírito que evoluiu até tal nível de perfeição não iria simplesmente involuir.

Os anjos que se juntaram a Lúcifer

O castigo eterno no fogo do inferno foi muito usado ao longo do tempo como um meio de segurar a libertinagem daqueles que temiam a Deus. Com medo de uma passagem pro colo do Diabo, o homem segurou as rédeas.

Mesmo agora sabendo da irrealidade dessa história, isso não quer dizer que podemos usar o nosso livre-arbítrio da pior forma possível já que Deus não vai nos castigar. Afinal, ainda existe o carma: se a gente faz merda hoje, merda vai acontecer pra gente amanhã. E a culpa vai ser somente nossa.

Karma is a bitch

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