Polêmica em Washington: time acusado de fazer vídeo obsceno, e escondido, de cheerleaders

Cassia Pires
Esportismo
Published in
3 min readAug 27, 2020

2020 será chamando pelo Washington Football Team de “O ano em que toda merda foi jogada no ventilador”. Depois da mudança de nome e logo por questões raciais e as diversas denúncias de assédio sexual dentro das instalações do time, mais uma polêmica vem à tona. Um vídeo obsceno (e não autorizado) das cheerleaders teria sido feito para presentear o dono da franquia, Daniel Snyder.

Spoiler alert: a história toda é nojenta.

Dono do time de Washington, Dan Snyder. Foto: Matt Rourke

Para o calendário de 2008, em fotos de biquíni das cheerleaders do então Washington Redskins, foi feito também um vídeo de making of da sessão. As mulheres aparecem felizes na areia e agradecem o fotógrafo por deixá-las à vontade em um cenário onde muito pode ser exposto, mas que o seu enquadramento profissional evitava.

O que não se sabia, no entanto, é que em paralelo outro vídeo era produzido. Um vídeo de 10 minutos, obsceno e não oficial, justamente do que o making of disfarçava. O foco eram os mamilos que ficavam expostos acidentalmente devido a uma troca de posição ou naquela ajustada dos adereços utilizados.

A denúncia foi feita por Brad Baker, um ex-produtor da equipe de Larry Michael, que na época era o líder de transmissão e vice-presidente sênior da franquia. De acordo com Baker, Larry Michael disse que o vídeo era a melhor parte e que seria feito para Snyder.

Tanto Snyder quanto Michael negaram as acusações. No entanto, o Whashington Post, jornal norte-americano que publicou a matéria em primeira mão na última quarta-feira, teve acesso ao vídeo feito em 2008 e a um outro DVD de conteúdo semelhante, gravado em 2010.

De acordo com outro ex-produtor que não teve o nome divulgado, o vídeo de 2010 foi solicitado para ser assistido durante uma reunião executiva. Por outro lado, apenas o nome de Michael foi mencionado nesse caso. O de Snyder, não.

“Não é uma conduta aceitável em nosso time”

Enquanto o dono do Washington Football Team diz não ter conhecimento do acontecido e que tais condutas não são condizentes com a franquia ou com a sociedade, mais denúncias de assédio sexual e abusos pipocam nos seus 21 anos à frente do time.

Um mês após as primeiras denúncias de assédio serem publicadas, outras 25 mulheres falaram ao The Post que sofreram assédio enquanto trabalhavam para a equipe. Daniel Snyder, mais uma vez, disse não saber dessas denúncias e tentou descredibilizá-las, alegando que as vítimas nunca denunciaram.

Contudo, algumas mulheres disseram que o sentimento era de impotência, uma vez que o departamento de recursos humanos era supervisionado justamente por aqueles que cometiam o assédio. Uma ex-estagiária, inclusive, disse que quando tentou registrar uma denúncia, o diretor financeiro da franquia respondeu que o time tinha uma “cultura dominada pelos homens”, e que era melhor ela evitar o assediador ou desistir do emprego. Ela desistiu.

Muitas das denúncias recaem sobre os mesmos nomes expostos na polêmica de um mês atrás: Alex Santos, diretor de pessoal recém-demitido; Larry Michael que além de ser vice-presidente sênior era também a voz de rádio mais antiga do clube, e se aposentou repentinamente no último mês; Dennis Greene, ex-presidente de negócios e operações, que saiu em 2018, depois de alegações de que ele vendia acesso às cheerleaders e Mitch Gershman, ex-CEO, que saiu em 2015.

Mudanças?

Após tantas polêmicas em pouco espaço de tempo, parece que a franquia está tentando reverter a fama contratando novos nomes para o alto escalão. Na semana passada Jason Wright, ex-jogador da NFL e consultor na McKinsey & Company foi nomeado como presidente. Ele é a primeira pessoa preta a assumir tal posição na NFL.

Sobre o assunto, Wright compartilhou em seu Twitter pessoal a declaração do time de Washington e acrescentou que eles estão estabelecendo uma nova cultura, com decisões efetivas:

Já no mês passado, Snyder contratou a locutora esportiva Julie Donaldson para substituir Michael como vice-presidente sênior de mídia. Ela é, agora, a mulher com posição mais alta no time.

Agora ficam algumas questões. A primeira delas é esse essas contratações são para cumprir agenda. E sendo, ou não, se serão suficientes para mudar a cultura e a visibilidade atual do time.

Posicionamento da NFL

A NFL, sob o nome do seu comissário, Roger Goodell, disse que condena fortemente tal conduta antiprofissional e que vai instaurar uma investigação independente.

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