As “Fake News”, o jornalismo e os impactos na sociedade brasileira

Com o passar do tempo, jornalistas vivem mudanças substanciais para se adaptarem às necessidades que surgem na sociedade

Cláudio Py
Esquina On-line
3 min readApr 10, 2019

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Por Cláudia Busato, Cláudio Py e Letícia Takada.

Ao longo dos séculos, a narrativa jornalística forjou na própria matéria-prima — a notícia — a sua especificidade discursiva e estrutural. Para Mariana Guedes Conde (2018), a notícia deve ser definida sob três pontos de vista: o interesse, que enfatiza o receptor; a atualidade e, portanto, a novidade do conteúdo noticioso; e a verdade ou neutralidade na cobertura dos acontecimentos.

O conceito de notícia está atrelado ao de noticiabilidade que corresponde à seleção hierárquica dos fatos pelo jornalista. Os valores-notícia são, basicamente: 1) o grau hierárquico dos indivíduos envolvidos no acontecimento; 2) o impacto do evento sobre a nação e sobre o interesse nacional; 3) a quantidade de pessoas envolvidas; 4) a possibilidade de provocar outros novos eventos.

Segundo Nelson Traquina (2005), informes sobre acontecimentos diários como assassinatos e notícias sobre celebridades circulavam pela Europa já no século XVII. Eram as “folhas volantes”. No final do século XIX, houve uma racionalização e a adequação da notícia para alcançar as diversas camadas sociais: os veículos de massa. Mas, em reação a essa “fé” no relato isento e transparente do real, em meados do século XX consolidou-se o entendimento de que a “notícia não é um relato, mas uma construção (narrativa)”.

Os meios tradicionais passaram por uma crise de representação e a busca de informação pelo usuário mudou. Uma das narrativas provocadas pelas inovações sociais e tecnológicas são as Fake News. Para alguns, elas são histórias falsas para influenciar resultados eleitorais, mentiras ou calúnias para manchar a imagem de pessoas importantes. Para outros, são distorções voluntárias da realidade e distribuídas em benefício de uma causa; baseiam-se numa interpretação errada da realidade e isso prossegue gradualmente (pós-história) - e estas são as Fake News das Fake News. Há também os boatos ou a propaganda disfarçada de notícia autêntica, a notícia incorreta ou mal apurada.

Essa imprecisão na definição impede que uma regulação seja implementada com mais rapidez. O resultado é a total desorientação no que se refere ao espectro informacional, que se expandiu ainda mais com as redes e a maior vulnerabilidade. O especialista da Universidade de Brasília (UnB), Paulo José Cunha, explica que a maior parte das pessoas que espalham as Fake News acreditam de fato naquele relato falso.

A evolução do lead no jornalismo ajuda a compreender essa relação:

Saiba mais no artigo Webjornalismo: Da pirâmide invertida à pirâmide deitada, do professor João Canavilhas, da Universidade Beira Interior.

Com a massificação da internet, as proporções de notícias falsas aumentaram gradualmente. Letícia Takada mostra um pouco dessa realidade, em conversa com o professor Paulo José Cunha, da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília (UnB):

Nota-se, nos dias atuais, a importância de entender a funcionalidade da internet, visto que é a única maneira de compreender as relações sociais da atualidade. Com base nos estudos feitos em outras regiões, elaboramos um questionário para averiguar se os mecanismos da internet são utilizados com frequência ou não pela população de Brasília. Os resultados indicam se as pessoas entrevistadas compreendem o que são Fake News e como se defendem delas. Ouça no comentário de Cláudio Py:

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