Cabelos: mais que uma moldura para o rosto

Desde a antiguidade, as madeixas representam identidade e força

Gabriella Cardoso
Esquina On-line
3 min readNov 28, 2018

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Por Gabriella Cardoso e Sofia Corrêa

Longos ou curtos; loiros, morenos, ruivos ou brancos; os cabelos são fonte de sedução, poder e força. Acumulam significados ao longo da história da civilização mundial. No antigo Egito, os cuidados com as madeixas eram levados a sério. Perucas de cabelos humanos e até mesmo de lã de carneiro eram comuns e representavam um símbolo de nobreza. Objetos como escovas e tesouras eram cuidadosamente guardados em caixas luxuosas. Mais tarde, na Grécia antiga, surgiram os primeiros barbeiros. Os filósofos se encontravam nas barbearias das cidades-estado para discutir política, esporte e eventos sociais enquanto eram atendidos. Já naquela época, cabelos loiros eram raros na Grécia e, por isso, infusões de flores amarelas eram preparadas na tentativa de clarear as madeixas. Na Roma antiga, a importância dos cabelos era tanta que o ato de raspar a cabeça era uma forma de punição. Pessoas consideradas inferiores na sociedade, entre elas os escravos, prisioneiros e traidores, também tinham as cabeças raspadas.

No mundo contemporâneo, o cabelo ainda é uma forma de se enfeitar e de expressar a autoestima, e é considerado um dos pilares da beleza, como esclarece a doutora em semiótica Cláudia Busato. “Historicamente, podemos perceber que a significação do cabelo vem se dando a partir de alguns marcadores. Se considerarmos a história do Homo sapiens-sapiens, o que se sabe é que a importância está no fato de que os cabelos direcionam a atenção do outro ao indivíduo do sexo oposto. Na ideia mesmo da sedução, com a finalidade da reprodução”, explica.

Para ela, os cabelos são importantes porque compõem a identidade visual dos seres humanos e os diferencia entre si:

O cabelo está contíguo à cabeça e ao rosto, que é por sua vez o nosso display. Cada indivíduo tem o seu rosto, com suas marcas, marcas do tempo, marcas étnicas e raciais. Então, os cabelos seriam um estímulo compatível com a função de atenção e orientação que o rosto tem para a espécie humana”.

A especialista também pontua que, com o passar dos séculos e de acordo com a evolução humana, essa parte do corpo adquiriu significados diversos. “Se a gente for pensar em alguns pontos históricos, logo que a Maria Antonieta (rainha da França no século XVIII) vai para a guilhotina, as perucas que eram usadas por ela acabam saindo de moda, então os cabelos sofrem essa mudança de simbologia ao longo do tempo”.

Anjos cor de rosa

Um projeto que existe há 22 anos no Instituto Hospital de Base busca enxugar lágrimas e provocar sorrisos de mulheres que lutam contra os cânceres de mama e útero. Atualmente, a Rede Feminina de Combate ao Câncer conta com 260 “anjos cor de rosa”, como são apelidados os voluntários que participam do projeto. O apelido carinhoso veio das próprias pacientes. Elas encontram neles um refúgio para seguir o combate a uma das doenças que mais afeta mulheres no mundo.

Só neste ano, a estimativa é de que 1.020 mulheres brasilienses recebam o diagnóstico do câncer de mama. Em âmbito nacional, esse número sobe para 59.700 mulheres.

Dentre os vários projetos que a Rede Feminina desenvolve para dar mais dignidade às pacientes, está a entrega de perucas de cabelos naturais àquelas que não conseguiram fazer as pazes com o espelho após a perda dos fios. Durante todo o ano, as voluntárias transformam simples fios de cabelo em autoestima para as mulheres que enfrentam a doença.

Acompanhamos a terceira entrega de perucas deste ano, confira!

A Revista Esquina tem mais histórias de solidariedade e luta pela cura do câncer, leia a reportagem:

Se você quiser ser voluntário ou voluntária da Rede Feminina de Combate ao Câncer, clique aqui.

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