A tecnologia a serviço do webjornalismo cultural

Texto por João Franco, Mario Santa Rosa e Tiago Freire

Flex Jornalismo Digital
Esquina On-line
4 min readApr 10, 2019

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Com o desenvolvimento do jornalismo on-line, surgiu a necessidade de analisar e criar conceitos. Autores como Bardoel e Deuze (2001) apresentaram características para o jornalismo na internet: a interatividade, a customização de conteúdo, a hipertextualidade e a multimidialidade. Palacios (2003) complementa com personalização, memória e atualização contínua, e comenta que nem todos os veículos se utilizam desses recursos. Porém, não podemos vê-los como uma ruptura com o jornalismo impresso e sim como uma potencialização ou continuidade.

No meio do jornalismo cultural, podemos observar exemplos de veículos que já estão inseridos no webjornalismo com estratégias para aumentar o seu alcance de público. São elas, de acordo com Mariana Conde (2018), no livro “Temas em jornalismo digital: histórico e perspectivas” — clique nos intertítulos para conferir cada conceito no nosso perfil no Instagram:

Interatividade

Forma de fazer o usuário se sentir parte da produção de conteúdo por meio de situações interativas, como fóruns de discussão, chats com outros usuários ou com os criadores de conteúdo e até na produção de materiais.

Hipertextualidade

Tem a função de deixar a leitura do texto mais dinâmica, com a utilização de links, vídeos e áudios para melhorar a interpretação do leitor.

Multimidialidade

Conteúdos em vídeo, áudio, imagens e texto se conectam. Assim, o leitor tem acesso simultâneo de um modo interativo, atraente e informativo.

Personalização

É montada a partir dos interesses do usuário do conteúdo, que pode possibilitar o percurso de leitura através do hipertexto.

Memória

A internet é um banco de dados de memórias que pode ser acessado a qualquer momento. É um espaço ilimitado, em que as informações podem ser guiadas por links.

Atualização contínua

As tecnologias móveis permitiram maior agilidade na propagação de notícias, com atualização em tempo real nesses dispositivos.

O surgimento do webjornalismo

O leitor passa a poder interagir com o conteúdo com maior facilidade, atraindo maior público.

Base de dados

Um acervo criado de forma coletiva por leitores e produtores de conteúdo, que facilita o processo de criação e pesquisa de futuras matérias.

Tecnologias móveis

Novas possibilidades de armazenamento, visualização, criação e compartilhamento de dados por meio portátil.

Linha do tempo do Webjornalismo:

E no Jornalismo Cultural?

Esta forma de jornalismo foi especialmente afetada pelas novas possibilidades, devido ao alto teor de conteúdo multimídia, como a utilização de vídeos em websites, músicas em programas de rádio e fotografias diretamente relacionados a essa temática.

Um exemplo é a Revista Traços, que já nasceu no contexto do webjornalismo atual e oferece todo o acervo impresso digitalizado na plataforma. Isso permite que possamos acessar o banco de dados da publicação on-line:

Sobre a interatividade, podemos citar as possibilidades dentro das redes sociais, tais como o compartilhamento de conteúdos, os comentários e outros tipos de interação com leitores e criadores de conteúdo.

Os Encontraços são reuniões mensais com os produtores de conteúdo e leitores, que vão além do meio digital e promovem a interatividade para o cotidiano do leitor.

Quanto à hipertextualidade, podemos observar no website da Revista Cult, diversos hiperlinks que levam para matérias relacionadas ao conteúdo exibido. O site da Vice permite o acesso a matérias e possui links para o canal no YouTube.

As características de multimidialidade estão presentes no website e no perfil Medium da Revista Traços, com conteúdo visual variado, acesso a páginas de outras redes sociais e de perfis que contam além do mostrado simplesmente no texto. Isso ajuda na imersão no assunto pelo leitor.

Redes sociais que produzem conteúdo relacionado à cultura tendem a possuir o aspecto de personalização por meio de recomendações baseadas em históricos de pesquisa do usuário, o que pode facilitar buscas específicas. Redes sociais on-line como o Youtube, Facebook, Instagram e Google também utilizam essa característica.

A memória é de grande importância para o jornalismo cultural, uma vez que eventos históricos, aniversários de artistas ou obras de arte, ou até mesmo datas festivas podem ser estopim para a criação de conteúdo.

Com o advento da atualização contínua, conteúdos culturais, como a Revista Traços, puderam se manter atualizados. No caso da revista, como a publicação é mensal, precisa manter um fluxo de conteúdo durante o resto do mês, seja por postagem via stories em redes sociais, seja por complementação das reportagens do impresso. No Medium, a revista está sempre em dia com os leitores. Tal característica também pode ser verificada em jornais culturais que possuem perfil no twitter, para divulgação de temas relacionados a cultura em tempo real.

Com o advento da base de dados no webjornalismo, pode-se criar um acervo de conteúdo cultural, facilitando o acesso de matérias de diferentes épocas e temas. A Revista Traços e a Revista Cult disponibilizam edições anteriores on-line. Isso preserva a memória e a história das publicações para leitores futuros e até para que repórteres tenham maior acesso a essas informações.

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