Interatividade na comunicação web

Característica essencial da comunicação na web, a interatividade é uma das maiores ferramentas do jornalismo atual

Ana Beatriz Costa
Esquina On-line
6 min readAug 28, 2019

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Por Ana Beatriz Costa e Mirella Rodrigues

Uma ponte entre o conteúdo e o leitor, a interatividade é parte importante da comunicação on-line, principalmente no jornalismo digital. Podemos definir a interatividade como a comunicação feita do leitor com o conteúdo web que ele consome, dentro das redes sociais conectadas, blogues, fóruns e sites de notícias, uma relação entre o computador/celular e o usuário.

Nesta publicação iremos trabalhar conceitos e definições de interatividade apresentados no capítulo 3, escrito por Alejandro Rost, do livro “Webjornalismo — 7 características que marcam a diferença”, organizado por João Canavilhas. Rost é doutor em Jornalismo e Comunicação pela Universidade Autônoma de Barcelona e professor de jornalismo digital na Universidade Nacional de Comahue. No dia 2 de setembro, ele falou ao podcast Rumos do Jornalismo, da Universidade Federal de Santa Maria.

A interatividade

“Entendemos interatividade como a capacidade gradual que um meio de comunicação tem para dar maior poder aos utilizadores tanto na seleção de conteúdos como em possibilidades de expressão e comunicação.” Rost, 2006.

Interatividade ao longo do tempo:

Para Rost, a interatividade é uma forma de transferir poder de quem cria para quem consome. Este poder aumenta ao longo dos anos, mas ainda não atingiu o mesmo nível entre os meios de comunicação e jornalistas e o público.

Existem duas diferenciações importantes dentro da interatividade:

O público

Não só os conteúdos interativos são classificados, mas também os leitores que consomem e criam conteúdo têm diferenças.

Os utilizadores podem ser classificados em sete perfis com base em sua interatividade:

  1. Criadores — publicam conteúdos próprios
  2. Conversadores — atualizam as redes sociais
  3. Críticos — comentam em blogues
  4. Coletores — divulgam conteúdos
  5. Membros — mantém perfis em redes sociais
  6. Espectadores — leem blogues e redes sociais
  7. Inativos — nenhuma das opções anteriores

O espaço

Existe um espaço ocupado por esse leitor, dividido entre espaço de intervenção e espaço de participação.

O espaço de intervenção é mais básico, o leitor pode participar de rankings, pesquisas, uma atividade sem produção.

O espaço de participação é o mais interativo, é quando o leitor comenta abaixo das notícias, utiliza blogues e redes sociais.

A interatividade depende de fatores que influenciarão em seu resultado:

  1. A visibilidade do conteúdo.
  2. A complexidade na elaboração de conteúdos, com maiores opções interativas.
  3. A integração dos conteúdos com a atualidade do meio.
  4. O papel do leitor dentro do conteúdo.

Para Martínez Rodríguez (2005) existem três formas de participação em que o utilizados intervém:

  1. Participação prévia: elaborando conteúdo do meio.
  2. Participação posterior ou acrescentada: complementando o texto original, mas não participando da elaboração do conteúdo.
  3. Co-participação ou co-produção: participação e elaboração simultânea dos conteúdos

Rodríguez também classifica o tipo de contribuição feita pelo público em:

  1. Contribuição de dados: textos originais, testemunhos em primeira mão, material audiovisual, etc.
  2. Contribuição de comentários: comentários, pesquisas, fóruns, etc.

Redes sociais, interatividade e webjornalismo

Na interatividade o leitor interage com aquele conteúdo, atualmente uma das inovações em interação vem da plataforma Instagram, que reúne na ferramenta ‘stories’ a possibilidade de conversa com o público.

Dentro da ferramenta é possível criar caixas de perguntas, enquetes, teste, um bate-papo em formato de chat, contagem regressiva, hashtags e diversos outros elementos, que conectam o público daquele conteúdo com o criador.

O portal de notícias e entretenimento Buzzfeed traz um tipo de interação do público em que o leitor também produz conteúdo. Nas publicações geradas de comentários da página oficial do Facebook, quem conta a história é quem consome.

O texto, divido em tópicos, reúne relatos contados por leitores

O Twitter, com a revitalização da ferramenta Explorar, permite que as notícias sejam contadas em pequenos textos e abordem a opinião pública dos usuários da plataforma.

Muitas notícias que aparecem na aba surgem dos próprios usuários ao ‘viralizarem’ na plataforma, gerando mais compartilhamentos e curiosidade dos outros perfis.

As redes sociais conectadas marcam a nova era da interatividade dentro do jornalismo, permitindo que o leitor tenha mais interação e liberdade dentro do conteúdo produzido. Existem três definições de categorias da interatividade dentro do jornalismo, também chamada como interatividade comunicativa:

No jornalismo participativo, o leitor desempenha papel ativo no processo de informação. Tanto na apuração como na criação, análise e disseminação. Essa categoria também existe fora da web, mas em trabalho conjunto com as mídias tradicionais.

Podemos acompanhar o jornalismo participativo em telejornais quando o apresentador acompanha comentários de telespectadores nas redes sociais ao vivo sobre o programa e notícias do dia. Também quando o apresentador da rádio recebe áudios e ligações dos ouvintes para comentar sobre o trânsito da cidade.

O Conteúdo Gerado pelo Utilizador (UGC — do inglês User-Generated Content) é um processo em que qualquer pessoa tem a oportunidade de participar ou contribuir em publicações, mas com uma maior análise jornalística dos fatos.

É possível acompanhar o conteúdo gerado pelo utilizador em ranking de notícias. Esse conceito se assemelha com o jornalismo participativo, mas surgiram em momentos diferentes, um antes do uso da internet como principal fonte de interatividade e um após.

O jornalismo cidadão já é exatamente o conteúdo produzido pelo público sendo publicado diretamente, mas é extremamente questionado por não se tratar de um conteúdo produzido por jornalistas e não poderia ser chamado de jornalismo. Alguns especialistas consideram que o jornalismo cidadão é um complemento do jornalismo realizado por profissionais.

As redes sociais on-line atualmente têm o maior papel de interatividade dentro do jornalismo, sendo uma das maiores responsáveis pela interação do público com o conteúdo.

Dentro do jornalismo é possível pensar em três formas de utilização das redes:

  1. Recepção — receber informação e ideias.
  2. Difusão — distribuir conteúdos.
  3. Interação — interagir com leitores e fontes.

Mesmo com a onda de fake news e a ameaça à imprensa Brasileira, o jornalismo tenta manter a credibilidade em relação aos conteúdos e conseguir, em meio à massa de desinformação, emergir com um serviço inovador e surpreendente.

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