Manifestações e Memórias

nathalia kuhl
Esquina On-line
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4 min readSep 2, 2019

Você sabe o que é memória inserida no jornalismo? É o elo vivido com o presente, ou seja, não é a mesma coisa que história. Esta conta o que aconteceu no passado de forma oficial, enquanto a memória é ativada no noticiário em relação com o momento atual. Ela nos dá elementos para recuperar também emoções de lugar, espaço e tempo.

É notável que memória existe como forma de relembrar o passado de algo específico, como retrospectiva de fatos importantes quando surge outro acontecimento similar. É o caso das manifestações no Brasil.

Legenda esclarecendo

Para entendermos melhor, um exemplo são as manifestações em frente ao Congresso Nacional, símbolo turístico e de poder em Brasília. Pois quando um meio de comunicação faz matéria sobre esses protestos no centro de Brasília, sempre retoma manifestações anteriores no mesmo lugar. Isso acontece para que o contexto não seja esquecido e para comparar a visibilidade ou até mesmo o motivo do ato.

Outro exemplo mais específico foi a marcha de junho, conhecida também como “não é só 20 centavos”, em 2013. Vários portais de notícias usavam a memória no jornalismo para alertar as pessoas e comparar com manifestações em décadas anteriores, como Diretas já! (1983 e 1984) e o movimento dos Caras Pintadas (1992), pelo impeachment do então presidente Fernando Collor.

E qual o objetivo da comparação? É para compreendermos a importância de se manifestar e lutar pela democracia no Brasil, pois as manifestações citadas só ocorreram porque os brasileiros não aguentavam mais estar naquela determinada circunstância. As fotos também são formas de memória no jornalismo. Para falar um pouco mais de imagens, memórias e manifestações, conversamos com alguns fotógrafos:

Confira algumas fotos da fotógrafa Clara Lobo

Top 5 Filmes sobre protestos brasileiros

Para você que se interessou pelo assunto, já pegue a pipoca e o refrigerante, pois aí vem dica de alguns filmes que envolvem as questões das manifestações no Brasil.

O Que É Isso, Companheiro?, de Bruno Barreto de 1997. Indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro, mostra parte da época da Ditadura Militar, quando grupo elaborou um plano ousado de sequestrar o embaixador norte-americano da época para trocar por um preso político, que poderia morrer diante dos desmandos dos líderes da época. Entre os sequestradores, Fernando Gabeira.

Marcha Cega, por sua vez, retrata a violenta repressão da Polícia Militar nas manifestações populares em São Paulo, que transformaram as ruas da cidade em verdadeiros campos de batalha. — Direção de Gabriel Di Giacomo (ano).

Junho é o primeiro longa-metragem produzido pela Folha de S.Paulo, que reúne imagens captadas nas ruas e depoimentos de ativistas, jornalistas e intelectuais para retratar as manifestações populares de 2013. O documentário percorre o período que vai dos primeiros dias de protestos contra o aumento da tarifa do transporte público em São Paulo até o momento em que ganhou proporções nacionais e internacionais.

Democracia em vertigem, o filme de Petra Costa, narra toda a história até o primeiro mandato de Lula em 2003, a reeleição em 2006, a posse de Dilma Rousseff em 2011, a chegada de Temer em 2016 e a eleição de Bolsonaro em 2018.

”20 Centavos”, o documentário dirigido por Tiago Tambelli, também relata as manifestações de junho de 2013 iniciadas devido ao aumento das tarifas do transporte público na cidade de São Paulo.

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