Conheça o Vogue — a dança que é símbolo de resistência

Letícia Fechine
Esquina On-line
Published in
3 min readMay 30, 2019

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Por Letícia Fechine

OVogue ou voguing é um estilo de dança que nasceu na cena LGBTQ+ e cultura ballroom. Teve seu primeiro ápice na década de 1980, no bairro nova-iorquino do Harlem, quando as comunidades negras, gays e transgênero começaram a tomar conta dos salões e organizar competições de dança. Porém, existem relatos de que essa cena cultural existe e resiste desde antes da década de 1960. O nome fala por si só, vem da revista Vogue. Os passos e o carão são inspirados nas poses das modelos e na estética adotada pela revista.

Grupo de Vogue “House of Padam”, de Brasília. Foto: Pedro Lacerda

As grandes maisons de alta costura se designavam como “casas”, como por exemplo a House of Chanel e a House of Dior. Em meados de 1972, quando a drag queen Crystal LaBeija participou de um concurso de drags, começou a se questionar porquê mulheres negras ou latinas nunca ganhavam esse tipo de competição. Foi então que ela fundou, em 1977, a primeira house de voguing: House of LaBeija, voltada para as para minorias.

A partir disso, as famílias LGBTQ+ adotaram o sistema de “casas”. Como na época houve o surto de HIV, as houses recebiam os jovens gays e transsexuais que haviam sido expulsos de casa. Eles buscavam abrigo para se preparar para a noite de performance nas ballrooms. Os grupos possuem uma hierarquia, geralmente composta pela mother e pelo father, que cuidam dos filhos, ensinam sobre a importância de ser uma comunidade, dão suporte e ajudam na evolução pessoal e profissional.

A dança virou o ponto de apoio para diversas pessoas. Os depoimentos de quem vive nesse universo mostram o que mudou na vida delas.

Foto: Pedro Lacerda
Elenco do documentário Paris is Burning, de Jennie Livingston (1990)

O documentário Paris Is Burning (1990), de Jennie Livingston, mostra algumas das principais personalidades da comunidade LGBTQ+ do Harlem nos anos 1980. Em 71 minutos, o longa-metragem explora o universo da vida noturna nova iorquina da época pela ótica de gays, drag queens e mulheres transexuais, as lutas diárias, o orgulho da própria identidade. Retrata a cultura ballroom e também, exclusão social, preconceito e racismo.

Popularização e consolidação do Vogue como arte

Na mesma época, o voguing atingiu a cultura pop, quando Madonna lançou o clipe Vogue, que popularizou o estilo pelo mundo. A coreografia foi feita pelo Willi Ninja, da House of Ninja, considerado o avô do Vogue. Porém, todo o reconhecimento foi para a cantora.

Dentro do Vogue, de acordo com os praticantes, existem diversas estéticas de composição da dança. Os estilos se diferenciam pela época em que nasceram e pela forma como são apresentados. Entenda:

Para conhecer melhor as estéticas dessa dança, assista ao documentário Padam Way, sobre o Vogue em Brasília, produzido para esta reportagem:

Brasília no circuito Vogue: a parceria entre os integrantes

Vogue DF

Solano, Mother da House of Padam de Brasília, conta que hoje na capital existem 5 casas. Nas batalhas, as houses competem umas contra as outras, porém, Sol afirma que “não existe essa questão de não fazer amizade. A maioria das casas oferece oficinas abertas e nós vamos, elas vão nas nossas, claro que existem alguns atritos mas no geral somos todos unidos como cena de dança, como cena Vogue, a cena Ballroom”.

Na Revista Esquina, você encontra todos os detalhes sobre a House of Padam:

Agora você já sabe bastante sobre essa dança de resistência. Está na hora de conferir seus conhecimentos!

Se você tem alguma dúvida sobre os termos ou palavras, confere aqui o glossário:

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