Os pares de Bernardo Sayão

A história da Capital Federal a partir da trajetória de três profissionais que a construíram

Rodrigo Lima
Esquina On-line
3 min readJun 18, 2019

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Reconhecido mundialmente como o engenheiro que construiu Brasília e abriu grandes estradas Brasil adentro, o Bandeirante do século XX, Bernardo Sayão, nunca esteve só em suas empreitadas. Foram milhares de trabalhadores e parceiros de lida que diuturnamente enfrentaram os desafios de construir a nova capital e desbravar as matas do nosso País. Leia na reportagem para a Revista Esquina:

Entrevista com Sérgio Sá, neto de Bernardo Sayão

Ouça ainda um bate-papo com o professor Sérgio Sá, da Universidade de Brasília (UnB), sobre a participação do avô na construção da capital:

Outros nomes de igual importância, mas não tão conhecidos, fizeram parte do grandioso projeto da construção de Brasília. Atahualpa Schmitz da Silva Prego é um exemplo.

Atahualpa Schmitz da Silva Prego — Fonte: Arquivo Público do Distrito Federal

Engenheiro responsável pela construção do aeroporto de Brasília, foi um dos primeiros cariocas a chegar à nova capital, mais precisamente em outubro de 1956. Sua primeira missão foi criar um acampamento para abrigar os trabalhadores que atuariam na abertura da pista de pousos e decolagens do aeroporto. Esse acampamento hoje é o bairro Núcleo Bandeirante. Atahualpa criou e aperfeiçoou técnicas de pavimentação que até hoje são ensinadas nas universidades. Foi presidente da Novacap e hoje historiador técnico da pavimentação do Brasil. No mesmo ano da sua chegada, Atahualpa passou pelo maior desafio profissional: receber o voo onde estava o presidente Juscelino Kubitschek. Era um voo noturno e a pista ainda não possuía iluminação. Atahualpa então espalhou buchas de balão ao longo de toda a pista e alguns Jipes com faróis acesos para sinalizar o final. A pista ainda não tinha nem a metade da extensão concluída, e Juscelino não gostou do que viu. Mesmo após o pouso tranquilo, Atahualpa levou uma "espinafrada", como ele mesmo diz, devido ao atraso nas obras. Em 2 de maio de 1957, finalmente a pista estava pronta.

Joffre Mozart Parada — Fonte: Arquivo Público do Distrito Federal

Outro nome de igual relevância foi o de Joffre Mozart Parada. Ele estabeleceu a exata localização do Plano Piloto. Sempre muito calado e extremamente focado em seu trabalho, foi determinante na definição de coordenadas do projeto de Lúcio Costa. Foi o primeiro engenheiro a chegar ao local onde seria erguida a nova capital. Também foi responsável pelo mapeamento das fazendas que seriam desapropriadas para a instalação do Distrito Federal, e nessa função atuou também como perito-avaliador dessas propriedades. Parada também atuou como coordenador do Instituto de Geociências da Universidade de Brasília, foi um dos fundadores da Escola de Engenharia do Brasil Central e autor de diversas obras na área da Geologia. O jornal Correio Braziliense, em edição de dezembro de 1976, afirma: “O trabalho de Joffre foi tão seguro e preciso que até hoje ninguém levantou qualquer dúvida sobre a demarcação e topografia do conjunto urbanístico do Plano Piloto”. Durante todo mandato de diretor do engenheiro Bernardo Sayão na Novacap, Parada foi seu assessor.

Brasília foi construída por milhares de mãos. Foram mais de 80 mil operários envolvidos. O projeto de integração nacional de Juscelino finalmente se tornou realidade em 21 de abril de 1960. Deixou um imenso rombo financeiro nos cofres do Governo Federal, mas a principal promessa de campanha de Juscelino estava finalmente cumprida.

Já viu imagens de Brasília na época da construção? Confira!

Ilustração — construção de Brasília — Fonte: Wikipedia

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