Uma vida minimalista

Como esse estilo de vida pode combater transtornos mentais como a ansiedade e a depressão

Veber Arruda
Esquina On-line
4 min readJun 11, 2019

--

Moisés Odorissio/Artista Brasileiro

Minimalismo é um conceito que tem aparecido ao longo da história em diversas culturas. Desde expressões artísticas e estéticas até formas de vida especificamente. De acordo com o psicólogo Pedro Luna, hoje em dia no ocidente, o minimalismo é uma proposta de existência na qual há uma redução acentuada no consumo de produtos e uma ascensão mais focada em qualidade de vida. Esta é obtida por meio da redução de posses, das preocupações, tensões e ansiedades inerentes à vida consumista e acumuladora.

A possibilidade de viver uma vida minimalista hoje não só é interessante para reduzir alguns fenômenos de consumo que geram ansiedade. Ao mesmo tempo, como explica Luna, é uma proposta de existência sustentável para um mundo com escassez de recursos. Para consumir mais, você precisa ganhar mais. Para ganhar mais, você precisa trabalhar mais. Para trabalhar mais, você precisa se qualificar mais. É muito tempo e desgaste. A proposta de uma vida minimalista então passa a ser uma opção para quem quer fugir dessa rotina.

Moisés Odríssio é artista e aprendeu que o minimalismo é uma ferramenta. Ele se utiliza muito desse artifício profissionalmente, e busca viver uma vida com o essencial a partir dos próprios questionamentos.

Moisés Ordíssio/Arquivo Pessoal

“Basicamente, eu uso o Minimalismo para questionar o que é essencial para mim, partindo do ponto de que o Minimalismo, na sua forma ampla, não é igual para todos. O essencial para mim é diferente do essencial para o outro. Então, apesar de gostar de um design ‘minimalista’, clean e preferencial de cores neutras, eu sei que é algo muito pessoal.”

Como ser minimalista?

O psicólogo Pedro Luna esclarece que esse estilo de vida hoje é “perfeitamente” viável. Segundo ele, os ambientes profissionais e pessoais estão cada vez menos diferenciados, e isso faz com que você tenha que consumir muito menos roupa. Um outro exemplo são os produtos tecnológicos de informação atuais, que tendem a concentrar várias funcionalidades em um único aparelho. Um bom smartphone hoje pode ser praticamente um laptop — além de ser o celular, será calculadora, máquina fotográfica, filmadora, gravador de voz, editor de texto e imagem, ou seja, ele concentra tudo em um único produto.

Além da praticidade de uma vida minimalista, um outro fator importante é a valorização do contato com a natureza. De acordo com o Psicólogo, é importantíssimo esse contato do ser humano com a natureza, que só é viável quando as coisas importam menos do que as relações humanas.

Pedro Luna/Psicólogo

“Eu poderia citar uma série de pesquisas que têm sido feitas e publicadas, acessíveis nas bibliotecas científicas on-line, que mostram como o contato diário durante um X número de minutos reduz tendências a depressão, fragilidades psíquica e stress. A natureza é fundamental para se ter qualidade de vida.”

Fonte: Organização Mundial da Saúde (OMS, 2018)

Pedro diz que não precisamos levar em considerações somente essas pesquisas. Ele diz que é só considerar que o nosso corpo e o nosso cérebro em particular são os corpos e cérebros de hominídeos do paleolítico. Ou seja, a gente se transformou com a cultura, mas existe um substrato cognitivo biológico fundamental ainda profundamente ligado aos tempos da natureza, como as secas e estiagens, a mobilidade das manadas. Também ainda consumimos mais certos produtos alimentícios do que outros e organizamos o tempo de uma forma que não está ligada estritamente ao sistema econômico de produção.

Veja algumas dicas do especialista sobre como usar o minimalismo para combater a ansiedade e o estresse:

Um exemplo de vida minimalista

O sentimento de desapego na vida de Vandré foi algo forçado. Para percorrer aproximadamente 30 mil quilômetros em cima de uma bicicleta, durante dois anos, ele não podia levar tudo que tinha. Vendeu o carro, os móveis, a televisão e doou todas as roupas para comprar somente o necessário à viagem. Após essa experiência, as relações humanas começaram a importar mais para Vandré do que os bens materiais.

Os detalhes da viagem, você confere no rádio documentário e na reportagem feita para a revista Esquina:

--

--