Revista Poleiro
Esquinas Cariocas
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2 min readApr 5, 2015

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Por Angela Mansim

Santos Dumont é confessionário, lugar que se chega com promessas boas a pagar. Tem ateu prometendo ir namorar a Lapa e tem paulista já prometendo com Ipanema casar. Santos Dumont é o primeiro beijo que se dá com os olhos pelo Pão de Açúcar. É ensejo nobre para quem enfim descobre o amor pelo Morro da Urca.

Parece que no sobe-e-desce desses aviões, sobem e descem as mais ferrenhas paixões. Há quem chore, há quem ame, há quem sinta. Há ainda quem minta que não quer ficar. Santos Dumont são pessoas que vão, e vão, mas a alma toda deixam no mar.

Poderia até ser aeroporto, mas quis ser feito gente que decidiu chorar. Eis que em qualquer noite, volte e meia pois, hás de ouvir tristezas de quem decolar. Não somente isso, corriqueiramente, beleza sempre chega pronta para, enfim, pousar.

Há quem traga bagagem e há quem rogue praga de friagem. Não importa o que embarca, se traz blusa ou não traz, o Santos Dumont é lugar de deixar para trás. Beleza aqui no Rio é vestir um bom sorriso. Quanto maior, melhor será o paraíso.

Foto: João Brizzi

Não existe lugar mais repleto de tal fúria de emoções. Mesmo assim, não há quem saiba ao certo a delícia deste mar de convicções. Santos Dumont é uma cama boa, anfitriã que recebe bem, qualquer um à toa, que resolver chegar.

É o primeiro carioca que vem abraçar, é o último que chega te pedindo ficar. Tem amores que sofrem em seus saguões, tem também muito tempo às desilusões. Tem os pais que choram e os filhos que vão, tem os amores que voltam e os encontros que são.

Há de se concordar que também existem seus belos desencontros, imagine quantas paixões não se perdem pelos cantos. Nestes achados e perdidos, nestes voos e aviões, sempre há alguém que fica preso em meio às multidões. Mas o Rio continua ali para ser, enfim, achado.

Sendo assim, não importa quem, não importa onde, nem importa quando. Mesmo sem ser Cristo, de braços abertos insisto em pois retornar. Ainda que distante, Santos Dumont é o grande amor de quem quer voltar. E o Rio, ô lugar bonito, mesmo quem não mora, quer o namorar.

Esquinas Cariocas é uma publicação especial da Revista Poleiro

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