Nem tudo são flores

Maria Paula Reis
Essentia
Published in
5 min readAug 20, 2020

A vida não é um mar de rosas, mas você pode ser verdadeiramente feliz, apesar de tudo. Parece um tanto quanto pessimista essa minha fala, não é mesmo? Porém, meu intuito com este texto é justamente o contrário. Quero te encorajar a viver um amor de entrega total, um amor “de verdade”.

Embora tenhamos divergências, distância, diferença de cultura e defeitos; você pode viver um amor de doação e verdadeiro. No geral, dentre todos esses pesares, os defeitos acabam tendo um certo protagonismo, uma maior relevância. E quando falo dos defeitos, não me refiro aos defeitos do outro, mas sim aos nossos. Criam em nós a falsa ideia de que, por conta destes defeitos, não podemos ser amados ou não conseguimos amar devidamente.

Vejamos a história da Elena

Elena é uma moça boa, apaixonada, empenhada e desejosa por viver um grande amor. Guilherme, inicialmente encantador, cordial, bonito e bem-sucedido, também diz querer viver um grande amor.

Desde o início, Guilherme contou à Elena tudo o que havia sofrido nos seus relacionamentos passados, como suas ex-namoradas haviam partido seu coração e que ainda não estava pronto para um novo amor, ou seja, assumir um compromisso, como um namoro.

Elena muito compreensiva, desde o início desejava amá-lo, curar este coração ferido e conquistar seu espaço na vida de Guilherme, ao ponto de que assumissem um relacionamento amoroso.

Ao longo dos meses, ambos começaram a conhecer os defeitos um do outro. Os grandes e os nem tão grandes assim. Elena, empenhava-se em corrigir-se. Começou a notar que cada vez que fazia ou dizia algo que Guilherme não gostava, a reação dele era de total impaciência. Mais do que isso, por algumas vezes, ele se mostrava ignorante, grosso e a deixava falando sozinha.

Quando era ele quem fazia algo que ela não gostava, a atitude era diferente. Sempre havia uma justificativa relacionada ao seu passado, ou ao fato de ter um “coração partido”. Elena aceitava os defeitos de Guilherme, mas não via a mesma atitude e esforço por parte dele.

Certa vez, um dia antes do natal, Guilherme ficou irritado porque Elena demorou a responder suas mensagens por algumas horas. Ela estava preparando a comida para a ceia de natal, com sua mãe. Por esse motivo, Guilherme xingou Elena de muitas coisas e parou de responder as mensagens, deixando-a sem resposta até cinco dias após o ano novo.

Durante estes quase quinze dias, Elena ficou instalada em um estado de ansiedade quase incapaz de ser descrito. Não conseguia se alimentar ou dormir, a única coisa que conseguia fazer era chorar. Ia de carro até onde Guilherme morava, passava horas dentro de seu carro, em frente à casa dele. Mas não havia qualquer movimentação (depois foi descobrir que ele havia viajado para a casa de praia da família para passar o ano novo com alguns amigos).

Elena conseguia ver que esse “projeto de relacionamento” (já que nunca tiveram um relacionamento assumido) não fazia bem a ela, mas não sabia como sair disso.

Você merece um amor livre

Você aceita bem os defeitos da outra pessoa, porém você mesmo não pode errar. E por quê? Porque se você errar, o outro ficará furioso; e o outro ficando furioso, seu dia simplesmente acabou. A dependência emocional que você, uma vez que está no lugar de Elena, tem em relação ao outro, é incalculável.

De acordo com o tom do “bom dia”, seu dia pode ser realmente bom, ou absolutamente péssimo. Você passa a não controlar mais as suas próprias emoções e a viver com sentimento de culpa por não “satisfazer” as vontades do outro. A “bolha” de manipulação emocional se torna tão grande, que você já não sabe como sair ou agir.

Viver um relacionamento assim não é normal. Seja você homem ou mulher, ser manipulado emocionalmente por alguém não é o que você merece. Você foi criado para viver um amor que te preencha e te faça feliz. Um amor que quer o seu bem e consegue tirar de você o seu melhor. Um amor livre de egoísmo. Onde a preocupação em fazer o outro feliz é dos dois, e não somente de um. Um amor assumido para a sociedade e não escondido. Que ao olhar nos olhos da pessoa amada seja possível dizer um “eu te amo” com a responsabilidade que se tem.

Amor no qual você possa mostrar os seus defeitos e ser corrigido de forma amorosa. Onde, por mais que alguns (muitos) defeitos sejam expostos, depois de uma boa conversa você não termine transtornado, nervoso e ansioso. Um amor que é o contrário de manipulador, doentio e opressor. Um amor “de verdade”.

Se você estava à espera de um sinal para sair desta dependência emocional dentro do seu relacionamento, aqui está: Você foi criado para um amor de entrega total. Pare de se torturar! Não aceite nada menos do que isso. Pois viver um amor de entrega total é o que dá sentido às nossas vidas. Fomos feitos para amar e ser amados.

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Maria Paula Reis
Essentia
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Sanguínea ansiosa, apaixonada por musicais e cantora de chuveiro. Escreve para Essentia.