Abertura desabafo poético

Laeticia Monteiro
Estante Livr.e
Published in
3 min readDec 3, 2020

A vida é muito engraçada e bem espiralada também.

A gente sempre repara no erro cíclico que é ver uma pessoa que é nossa amiga voltar com um embuste (ou começar a namorar com um traste que é igualzinho ao anterior). A gente também repara in.felizmente nos erros cíclicos dos grandes movimentos políticos, econômicos e sociais.

Mas e os acertos cíclicos? Será que prestamos atenção neles?

Acho que foi na escola que eu reparei pela primeira vez, especificamente nas aulas de gramática, que a gente ficava vendo as mesmas coisas de novo e de novo, cada vez mais aprofundadamente.

Recentemente eu vi duas professoras, uma de organização e a outra de espiritualidade falarem sobre utilizarem um sistema de ensino que, embora não pareça nada com esse da escola, continua parecido por ser não-linear.

Não sei dizer se elas chamaram esse modo de mais orgânico ou não, de mais natural, mas sabemos que as linhas curvas, normalmente, nos trazem essa sensação de algo mais natural e vivo, talvez porque a vida seja normalmente uma montanha russa e não algo muito retilíneo e preciso.

Um raminho de uma planta bem verdinha que desce espiralando em primeiro plano, desfocado no fundo.
Photo by Lachlan Gowen on Unsplash

Às vezes o que parece ser um erro cíclico, o famoso “insistir no erro”, pode ser, simplesmente, um acerto cíclico disfarçado!

Pensamos “fracassei”, pois ainda não sabemos onde aquilo vai nos levar. Estamos na espiral de círculos concêntricos ou mesmos de elipses e vamos descendo ou subindo aos novos níveis conforme a vida vai passando. Mas é certo que, no momento em que estamos ali, bem ali, no ponto — o ponto que é um intervalo ínfimo, uma pequena partícula de linha — ainda não sabemos o que vem depois, para onde essa linha vai seguir.

Pode ser que aquele ponto seja um ponto final e precisemos traçar um novo rumo. Mas pode ser que seja, simplesmente, um ponto pelo qual passaremos de novo e de novo.

Não como uma punição ou um pesadelo, tipo em Dark, mas como uma chance para aprender mais, para ir mais fundo, para descobrir algo novo de si, do outro, do mundo ou da própria vida.

Tudo isso para dizer que, depois de eras sem brincar disso, aqui estou eu com um novo blog outra vez.

Pode parecer redundante e pleonásmico, mas a verdade é que já foram tantos que nem me lembro de todos! Esse é um ponto pelo qual eu sempre passo: encontrar um espaço compartilhável de escrita, onde eu possa me expressar e talvez ser lida, sem a real necessidade de ser lida.

A verdade é que estou um pouco cansada do Instagram. Da velocidade ansiogênica, dos moldes e limites que me impedem de fazer o que eu mais amo fazer como eu mais amo fazê-lo: escrever.

Este é um lugar para textos com mais de 2200 caracteres ou não, para textos em que é realmente possível se envolver e deixar envolver-se nas teias de magia que as palavras criam ao serem invocadas.

Aqui a palavra é o que mais importa.

E agora, ao escrever, vejo como eu estava com muita saudade delas (as palavras), com muita saudade de casa.

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