Azedou? Fórmula da Marvel começa a desgastar o MCU

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5 min readJul 23, 2022

Algo não anda bem na Casa das Ideias. Apesar de seguir com sucessos de bilheterias e grande repercussão on-line a cada lançamento, é evidente que as recentes produções da Marvel começaram a dividir opiniões e acenderam um debate: a fórmula do MCU que transformou os heróis em ícones do cinema começou a desgastar?

Ao Infinito e… Além?

Desde 2008, com o sucesso de Homem de Ferro, a Marvel consolidou um projeto ousado, que transportava para os filmes as histórias interligadas dos quadrinhos, que resultou na produção de Os Vingadores (2012), que reunia os principais ícones da editora contra o anti-herói Loki. Conhecida como a ‘Saga do Infinito’, dividida em três fases, o plano ousado de Kevin Feige resultou em cerca de 23 filmes, em mais de uma década de lançamentos frequentes.

Nessas produções, a famosa ‘fórmula da Marvel’ foi aperfeiçoada, mesclando personagens carismáticos, cenas de humor, sequências de ação de tirar o fôlego, vilões um tanto descartáveis (com exceção do próprio Loki ou do Thanos), personagens que faziam o elo entre as produções, como a Viúva Negra, e as famosas cenas pós-crédito, com as indicações dos próximos longas. O selo da Marvel se tornou tão poderoso que até personagens menos conhecidos como os Guardiões da Galáxia (2014), Homem Formiga (2015) e a Capitã Marvel (2019) foram elevados à sensações pop.

Tudo ia bem, até que na consolidação da saga com Vingadores: Ultimato (2019), a Marvel conquistou o topo das bilheterias mundiais e gerou uma dúvida: ‘qual seria o próximo passo do MCU’?

Um multiverso de possibilidades

Depois da consolidação da Saga do Infinito, a ‘Fase 4’ parecia que abordaria produções mais autorais, menos conectadas e com a exploração do ‘multiverso’, conceito de realidades paralelas que coexistem e podem integrar ainda mais heróis.

Afetadas pela pandemia, até o momento, as produções dessa nova fase ainda parecem um tanto desconexas. Viúva Negra (2021) e Shang-Chi (2021) passaram batidos de parte do público pelo efeito da pandemia, enquanto o sucesso de Homem Aranha parece ter mais efeito da nostalgia das antigas produções da Sony que propriamente um roteiro interessante. Os Eternos (2021) e Thor Amor e Trovão (2022), estão entre as piores avaliações do MCU no Rotten Tomatoes e Doutor Estranho 2 (2022) dividiu opiniões, apesar do sucesso de público.

Entre as produções para o Disney +, só Loki e Wandavision parecem ter tido uma real relevância e ousaram sair do padrão do estúdio, enquanto a recente Ms Marvel foi a série menos assistida da Marvel até o momento e She Hulk virou praticamente meme antes da estreia.

A fórmula desandou?

Talvez a falta de tempo seja um vilão mais impiedoso que Thanos. Com diversas produções anunciadas entre longas e séries, o apressado MCU começa a soar um tanto repetitivo e com problemas internos, como a crise dos profissionais de CGI que reclamaram publicamente dos prazos impossíveis e na visível queda de qualidade das produções, que já se tornaram até piada nas redes sociais com cenas que parecem saídas de Chapolin. O próprio diretor de Thor, Taika Waititi, reacendeu a discussão ao comentar que em algumas cenas os efeitos não parecem reais.

Nesse sentido, é curioso perceber que apesar de ser uma fase mais associada com diretores ‘autorais’, um dos problemas das últimas produções seja justamente a falta de equilíbrio entre trazer novas identidades ao MCU e, ainda assim, conseguir fazer a conexão com outros longas, incluir novos personagens e ainda ser vendável para o público em geral. Assim, a prometida sensibilidade de Chloé Zhao em Os Eternos não conseguiu emocionar, como os elementos de terror e o visual elaborado de Sam Raimi não combinaram com as passagens de sessão da tarde de Doutor Estranho. O próprio Waititi que reinventou o Thor anteriormente, não conseguiu mais equilibrar romance, aventura e humor como antes.

Como resultado, temos produções que soam ‘apressadas’, com cortes nítidos nas histórias, possivelmente para atender os prazos apertados e as agendas dos produtos licenciados. Natalie Portman, convencida a voltar ao MCU para resolver o destino de Jane Foster no cinema, chegou a comentar que as melhores passagens gravadas não foram para a edição final, reclamação compartilhada por Christian Bale, que declarou que sua cena favorita não foi exibida. Já em Doutor Estranho, o corte original de Sam era longo, mais brutal e talvez incluísse explicações que muitos sentiram falta sobre o multiverso.

Por fim, a conexão entre as histórias, o que por anos foi um diferencial da Marvel nas telonas, se tornou uma dificuldade até para os fãs do gênero, que precisam acompanhar os filmes, séries e animações para entenderem os enredos. Se muitos fãs vibram com cada aparição de um personagem de What If…? ou das produções da Netflix em outros filmes, para o público em geral talvez não faça muito sentido essas aparições, ou nem tenha importância que algum herói esteja necessariamente em outro longa. Se nos quadrinhos essas ligações sempre foram comuns, nos filmes talvez as conexões estejam desgastando os roteiros, que nunca podem avançar como poderiam, já que precisam manter o ritmo das outras aventuras e sempre deixar brechas para próximos longas.

O que vem pela frente?

Nem tudo está perdido e pode haver um pote de ouro no final da trilha do arco-íris. Afinal, apesar dos sucessos de Guerra Civil (2016) ou de Pantera Negra (2018), algumas produções da Saga do Infinito também derraparam nas expectativas, como em Homem de Ferro III (2013), Thor Mundo Sombrio (2013) ou mesmo Vingadores, Era de Ultron (2015), que até hoje divide opiniões dos fãs.

Nem só de êxitos é formado o MCU e justamente é a habilidade de contornar os problemas que fez da saga um êxito sem precedentes nos cinemas. Com a anunciada integração de personagens que estavam com a FOX, como os X-men ou o Quarteto Fantástico, a Marvel consiga ainda trazer elementos diferentes de outras equipes que não sejam os Vingadores, com outras temáticas até então não abordadas.

Talvez para as próximas fases, a Casa da Ideia possa apostar de vez no conceito de multiverso, com histórias menos conectadas ou que formem ‘núcleos’, como heróis ‘espaciais’, outros mais ‘urbanos’ ou mesmo versões do multiverso, sem precisar sempre seguir a mesma fórmula para as produções ou necessariamente deixar brechas para uma cena pós-crédito. Abraçar de fato produções de terror, suspense, humor ou romance talvez seja o frescor que o estúdio precise para não presenciar o próprio Ragnarok.

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