Por que os geeks gostam tanto de colecionar?
Livros, games, revistas, roupas… no universo geek colecionar é um hábito comum que pode se estender em diferentes itens.
Só quem coleciona sabe a satisfação de abrir um novo pacotinho de figurinhas e encontrar justo aquela que faltava para completar a página do álbum, as barganhas entre amigos para conseguir uma boa troca, ir de loja em loja atrás de um item especial ou economizar mês a mês até conseguir juntar o necessário. Nessa “caça ao tesouro”, alguns podem até achar que é desperdício de tempo (e dinheiro), mas no meio geek, colecionar é um hábito comum e motivo de orgulho.
Se para muitos esse costume não passa da infância, é normal ver em grupos e encontros geeks as mais variadas coleções, sejam elas de um tema específico (como Harry Potter, Star Wars) ou catálogos variados de itens, livros, revistas, brinquedos, roupas, miniaturas ou games.
No meu caso, acho que desde criança sempre gostei de manter minhas coleções. Tenho na memória a emoção de ir até a banca comprar os pacotinhos de figurinhas, a troca de tazos com amigos, reunir as tampinhas para conseguir os minicraques, entre outros bons momentos. Essa satisfação em procurar e reunir itens é um hábito que mantenho até hoje bem vivo.
Orgulho ou mania? Por que colecionar gera tanta discussão?
Colecionar é um hábito humano que não começou agora, mas acompanha a história em diferentes momentos, com diferentes motivações. Quantos itens exibidos hoje em museus ao redor do mundo não foram, na verdade, conservados e reunidos por colecionadores? Nas últimas décadas, entretanto, o hábito de juntar itens se popularizou e ganhou um reforço com marcas e ações de marketing disponibilizando linhas especiais, com a finalidade de serem colecionáveis.
Para o historiador Philipp Blom, referência no assunto, o ato de colecionar tem relação com a vontade de criarmos uma realidade onde podemos controlar os itens. Ele acredita, inclusive, que esse hábito na infância pode ser benéfico para a formação, estimulando a organização e o planejamento. Para a psicologia, as coleções foram um porto-seguro, muitas vezes nostálgico, no qual podemos recorrer quando passamos por incertezas ou dilemas futuros.
Apesar dos benefícios, duvido que exista um geek colecionador que não tenha ouvido questionamentos como “você gasta dinheiro com essas coisas de criança”, “por que não vende tudo isso?” ou “não acha que passou da idade de perder tempo com isso?”. Até familiares, amigos e companheiros podem não entender e apoiar esse hábito, sendo necessário persistência para conseguir seguir e cuidar das coleções.
É curioso, porém, que muitos que criticam não percebem, em diferentes graus, suas próprias coleções. Afinal, manter um guarda-roupa cheio de roupas e acessórios, muitas vezes que nunca serão usados, não é tão diferente de uma coleção de quadrinhos. Quantos não compram dezenas de cosméticos mensalmente em longas coleções? Quantos conhecidos não buscam camisetas de times de futebol anualmente (mesmo que sejam praticamente iguais)? Ou até mesmo quem ostenta garrafas de vinho caríssimas nas adegas? Diferentes formas de colecionar, mas que são socialmente aceitas por serem itens relacionados ao mundo “adulto” e de status.
Há, obviamente, extremos que devem ser evitados e casos que beiram a compulsão. Na maioria das situações, entretanto, se a coleção não atrapalha sua rotina ou a tomada de decisões, não há motivo algum para se envergonhar dela. Pelo contrário, os itens colecionados expressam parte da personalidade e preservam uma fase da sua história.
Afinal, o grande prazer não é acumular, mas justamente a busca entre os itens, com momentos que transformam simples objetos em nossos tesouros particulares.
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