A leveza da insustentabilidade
Tranquilamente me refugio na solidão das minhas temeridades. Sei que as mesmas têm o poder de me transfigurar aos olhos daqueles que nada entendem de mim e do mundo, daqueles que somente vivem sob a ilusão do tempo, da percepção e do tolo chacoalhar de seus esqueletos febris. Para mim, elas fazem parte de um todo maior que eu mesmo, elas me confortam porque desafiam-me a não ser normal, a pensar sob uma perspectiva pouco usual, a agir e ao mesmo tempo fugir da precariedade assentada na rotina mundana.
Sabemos todos o que tememos, mas evitamos nossos temores na expectativa de que melhor viveremos. Eu, ao contrário, melhor vivo se temer, se houver dúvida pairando no ar, se a exatidão e a certeza longe estiverem- estas são o veneno mais perverso que contamina as relações humanas. A iminência do imprevisto adoça nossas pacatas vidas e nos coloca no mundo das aparências na única forma em que nele é possível viver: indefesos e solitários.
Originally published at www.estouindovamosjuntos.com.