Honestamente
não é que
eu tenha nascido
errada
— não
eu nasci
perfeita
com todos os dedos
no lugar
braços largos o suficiente
pra abraçar
perfeita, embora
desde criança
eu sempre tenha voltado pro gosto
daquela tristeza
que gentilmente serve
de recordação
de que sinto
— alguns dizem
que sinto demais
ser sensível demais
num mundo em que
a insensibilidade
corre solta
é arriscado
pra não dizer
perigoso —
mas não é que
eu tenha nascido
errada
— não
eu nasci
perfeita
com todos os eixos
no lugar
pernas livres o suficiente
pra caminhar
perfeita, embora
desde criança
eu nunca tenha acreditado em ser
nada
além de
brutalmente honesta
— a ponto de me cegar
pensando que
todo mundo
sentia assim também —
e quando se sente muito
sem medo de estrondar
a verdade é que
qualquer tipo de paz
é apenas uma ilusão